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Al-Qaeda sofre, mas se adapta após morte de bin Laden

O núcleo central da rede, conhecido como "Al-Qaeda Central" pelos analistas, se reduziu a algumas dezenas de pessoas essencialmente dedicadas a sobreviver

Zain Mohammad, ex-vizinho de Osama bin Laden, em Abbottabad, noroeste do Paquistão (©AFP / Aamir Qureshi)

Zain Mohammad, ex-vizinho de Osama bin Laden, em Abbottabad, noroeste do Paquistão (©AFP / Aamir Qureshi)

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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2012 às 15h29.

Paris - A morte de Osama Bin Laden, há um ano, representou um golpe terrível para a rede terrorista Al-Qaeda, mas em todo o mundo seus discípulos, organizados ou solitários, continuam defendendo a jihad, afirmaram analistas.

Dizimada e desorganizada pelos ataques executados por aviões sem piloto (drones) americanos nas zonas tribais do Paquistão e Afeganistão, o núcleo central da rede, conhecido como "Al-Qaeda Central" pelos analistas, se reduziu a algumas dezenas de pessoas essencialmente dedicadas a sobreviver.

Apesar de insistir na convocação a uma jihad global, o sucessor do "emir Osama", o egípcio Ayman al-Zawahiri, não conseguiu impor-se nem substituir na nuvem jihadista global a figura importante do fundador do movimento.

"O que dava substância à vocação global, mundial, da Al-Qaeda era a própria personalidade de Bin Laden. Era uma personalidade única, que Ayman al-Zawahiri é incapaz de substituir", disse Jean Pierre Filiu, professor de Ciências Políticas em Paris e autor do livro "A verdadeira história da Al-Qaeda".

Incapaz de organizar ataques em escala mundial, a Al-Qaeda Central continua tentando inspirar discípulos e, sobretudo, tirar crédito de ações realizadas em nome do islã jihadista por organizações que expressam alinhamento com Bin Laden.

No Iêmen, os combatentes da Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA) executam incessantes ações de guerrilha contra o poder central de Sanaa e chegaram a conquistar várias cidades no sul do país.

Na Somália, os rebeldes islamitas shebab, apesar do momento de fragilidade, resistem e continuam com os ataques e atentados. Eles contam com voluntários do mundo inteiro.


Ao mesmo tempo, nos países do Sahel os homens da Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) tiraram proveito da revolta na Líbia e o fim do regime de Muamar Kadhafi para recuperar toneladas de armas, e aliados aos rebeldes tuaregues conquistaram um grande território ao norte do Mali.

Além da retórica, a AQPA foi a única organização que reconheceu formalmente e aceitou a autoridade de Al-Zawahiri. Também foi a única a tentar dar prosseguimento à jihad mundial com a tentativa de atacar aviões que seguiam para os Estados Unidos.

Graças a sua presença na internet, que nenhuma medida pode impedir, a Al-Qaeda Central saúde e estimula as ações dos movimentos associados, mas se propõe sobretudo a recrutar a distância os voluntários, os "lobos solitários" que radicalizam e decidem passar à ação.

O jovem francês de origem argelina Mohammed Merah é o exemplo perfeito: ele alegava ser membro da Al-Qaeda, porém mais de um mês depois dos ataques executados em Toulouse e Montauban nada permite ligá-lo ao movimento a não ser algumas poucas palavras na internet.

"Quanto maior é a pressão sobre a Al-Qaeda Central, mais difícil é preparar os ataques em grande escala, e mais empenho destinará a recrutar indivíduos no Ocidente para planejar e executar atentados", afirma a Europol, força de polícia europeia, em um relatório sobre terrorismo.

Recentemente, o diretor do Serviço Canadense de Inteligência de Segurança (SCRS), Richard Fadden, explicou até que ponto era difícil para os serviços de repressão detectar e neutralizar com antecedência os "lobos solitários".

"Não é fácil porque parecem uma mistura de terroristas e pessoas com grandes problemas pessoais. É muito difícil desenvolver uma doutrina, uma capacidade operacional para tratar estes casos. Para ser honesto: sim, nos preocupam", disse.

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