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Al Qaeda jura vingar morte de Bin Laden

A rede islamita também confirmou a morte de seu líder em um comunicado, com um tom belicoso e enfático, assinado pelo comando geral da Al Qaeda

A Al-Qaeda manifestou sua "determinação de continuar no caminho da jihad" traçado por seu líder (Misam Saleh/AFP)

A Al-Qaeda manifestou sua "determinação de continuar no caminho da jihad" traçado por seu líder (Misam Saleh/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2011 às 21h43.

Washingyon - A Al-Qaeda jurou manter "a jihad" para vingar a morte de seu líder Osama bin Laden, morto há cinco dias por um comando americano cujos membros foram condecorados nesta sexta-feira pelo presidente Barack Obama, que prometeu vencer a rede extermista.

A rede islamita também confirmou a morte de seu líder em um comunicado, com um tom belicoso e enfático, assinado pelo comando geral da Al-Qaeda e datado de terça-feira.

"O xeque combatente (...) Abu Abdallah, Osama bin Mohamed bin Laden foi morto (...) pelos tiros da traição e da apostasia", escreveu a Al-Qaeda.

A rede extremista, responsável pelos atentados de 11 de setembro que deixaram quase 3.000 mortos nos Estados Unidos, promete que "o sangue" de Bin Laden "terá sido derramado em vão e que isso será uma maldição para os americanos e seus agentes".

A Al-Qaeda manifestou sua "determinação de continuar no caminho da jihad" traçado por seu líder e assegura que "os soldados do Islã manterão, por grupos e individualmente, e sem descanso o planejamento" de sua luta.

Pouco depois da divulgação da mensagem desta sexta-feira em sites islamitas, a Casa Branca assegurou estar "muito consciente que tais atos possam ser cometidos". "Estamos extremamente vigilantes a respeito", disse Jay Carney, o porta-voz de Barack Obama.


Em sua mensagem, a Al-Qaeda anuncia a divulgação "em breve" de um registro sonoro de Bin Laden sobre as revoltas no mundo árabe, gravado uma semana antes de sua morte.

Osama bin Laden, inimigo público número um dos Estados Unidos, foi morto na noite de domingo para segunda-feira durante uma operação das forças especiais americanas contra a residência onde estava escondido em Abbottabad, cidade 80 km norte de Islamabad, no Paquistão.

O comando que efetuou o ataque era, segundo a imprensa americana, composto principalmente por membros da "Team 6" (Equipe 6) dos Seals, unidade tão secreta que suas missões nunca foram confirmadas.

O presidente dos Estados Unidos Barack Obama condecorou os membros do comando durante uma cerimônia na base de Fort Campbell, Kentucky.

"O presidente manifestou sua admiração e sua gratidão aos nossos soldados, e cumprimentou-os pessoalmente", indicou uma autoridade americana após o encontro do presidente com os membros do comando que atacou a casa onde estava Bin Laden, que ocorreu longe dos olhares da imprensa para proteger o anonimato dos integrantes.

Em um discurso que pronunciou em seguida aos militares da base, Obama afirmou que ao eliminar Bin Laden, os Estados Unidos tinham "decapitado" a Al-Qaeda e prometeu vencer a organização islamita.

Mas no Afeganistão, os talibãs asseguraram que a morte de Osama bin Laden dará uma "nova dinâmica" ao combate contra os ocidentais.

Em uma mensagem, sua primeira reconhecendo a morte de Bin Laden, os rebeldes afegãos disseram para os países ocidentais "não chafurdarem no otimismo" desencadeado após a morte de Bin Laden. "O martírio de um mártir abre caminho para centenas de outros que seguirão para o martírio e o sacrifício", prometem.


A eliminação de Bin Laden permitiu aos Estados Unidos terem acesso a uma quantidade grande de documentos (discos rígidos, CD-ROM...) que representam potencialmente uma mina de informações.

Os americanos logo se aproveitaram delas: o Departamento de Segurança Interna anunciou na quinta-feira que a Al-Qaeda tentaria preparar atentados em trens dos Estados Unidos para marcar o 10º aniversário do 11 de Setembro.

A informação foi retirada de documentos obtidos depois do ataque, segundo uma fonte ligada ao caso. Ela mostra que Bin Laden parecia estar ainda envolvido ativamente e operacional, pelo menos até fevereiro de 2010.

A sexta-feira, dia de orações no mundo muçulmano, foi marcada por várias manifestações em homenagem ao líder da Al-Qaeda.

Centenas de islamitas protestaram no Cairo perto da embaixada dos Estados Unidos. Os participantes exibiam imagens do líder da rede extremista com a inscrição "Osama bin Laden é o símbolo da jihad". Cerca de 200 pessoas também protestaram em Istambul.

Em Londres, mais de cem seguidores de Osama bin Laden se reuniram diante da embaixada dos Estados Unidos para protestar. A Polícia foi obrigada a intervir para evitar uma confusão entre os manifestantes e um grupo de militantes da English Defence League, movimento de extrema-direita que realizava uma contra-manifestação em favor dos Estados Unidos.

No Paquistão, centenas de pessoas protestaram na cidade de Quetta (sudoeste), para prestar "homenagem" a Bin Laden e convocar a jihad contra Washington. A manifestação foi organizada pelo partido islamita Jamiat-Ulema-e-Islam (JUI).

"Longa vida a Osama", gritava a multidão, estimada em menos de mil pessoas por um correspondente da AFP.

As relações entre Washington e Islamabad ficaram mais tensas depois do ataque contra Bin Laden, com autoridades americanas acusando o Paquistão de jogo duplo, enquanto o Paquistão, que rejeita essas acusações, alertou que qualquer novo ataque teria consequências.


O chefe do Estado-Maior Ashfaq Parvez Kayani "disse claramente que qualquer ação desse tipo, violando a soberania do Paquistão, acarretará uma revisão do nível de cooperação militar e no domínio da inteligência com os Estados Unidos", indicou na quinta-feira o Estado-Maior do Exército paquistanês.

O Exército paquistanês reconheceu, no entanto, "suas próprias falhas de inteligência sobre a presença de Osama bin Laden no Paquistão".

O ex-presidente paquistanês Pervez Musharraf atribuiu à incompetência das agências de inteligência de seu país o fato de Osama bin Laden ter vivido por tantos anos no Paquistão sem ser localizado.

"Só podemos chegar a duas conclusões", afirmou Musharraf à Rádio Pública Nacional. "Uma é a cumplicidade de nossas agências de inteligência. A segunda é a incompetência, e eu creio firmemente nesta última".

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