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AIEA vê ameaça em material nuclear desaparecido

Perda ou furto de fontes radiativas pode ser sério, já que terroristas podem tentar usá-los para produzir um dispositivo nuclear rudimentar


	Explosão nuclear: "A ameaça é global, porque essa gente opera sem fronteiras", afirmou um diretor da AIEA
 (Wikimedia Commons)

Explosão nuclear: "A ameaça é global, porque essa gente opera sem fronteiras", afirmou um diretor da AIEA (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2013 às 11h00.

Viena - Materiais nucleares e radiativos continuam desaparecendo e as informações que a agência nuclear da ONU recebe sobre esses incidentes podem ser apenas a ponta do iceberg, disse um alto funcionário da ONU.

Qualquer perda ou furto de plutônio ou urânio altamente enriquecido ou de diferentes tipos de fontes radiativas pode ser sério, já que militantes como os da Al Qaeda podem tentar usá-los para produzir um dispositivo nuclear rudimentar ou uma chamada "bomba suja", segundo especialistas.

Khammar Mrabit, um dos diretores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disse que houve progressos nos últimos anos no sentido de evitar que isso aconteça, mas que ainda é preciso fazer mais para garantir a segurança nuclear.

"Você precisa melhorar continuamente, porque também no outro lado, os caras maus, estão tentando encontrar formas de evadir tal detecção", disse Mrabit em entrevista coletiva.

"A ameaça é global, porque essa gente opera sem fronteiras", afirmou ele na quinta-feira, antes de uma reunião da AIEA com mais de cem Estados em Viena, na semana que vem, para discutirem como impedir os materiais nucleares de caírem em mãos erradas.

A agência da ONU está ajudando os Estados a combaterem o contrabando de urânio, plutônio e outros itens que podem ser usados para uma arma nuclear ou uma bomba suja, dispositivo que usa explosivos convencionais para espalhar materiais radiativos em uma ampla área, acarretando riscos à saúde e enormes gastos de recuperação.

Todos os anos, o Banco de Dados de Incidentes e Tráfico, mantido pela AIEA, recebe cerca de 150 a 200 novos casos. Mais de 120 países participam desse projeto de intercâmbio de informações, que abrange furtos, sabotagens, acesso não autorizado e transferências ilegais.

Embora tenha deixado claro que a maioria desses casos não é grave, Mrabit disse que já houve alguns incidentes envolvendo materiais como urânio ou plutônio. "Talvez essa seja a ponta do iceberg, não sabemos, é isso que os países nos informam", disse ele.

Num caso relatado, a polícia da Moldova (ex-URSS) apreendeu há dois anos uma carga de urânio altamente enriquecido, trazido por contrabandistas em um contêiner blindado para evitar sua detecção -- um sinal da crescente sofisticação dessas quadrilhas.

Mas, ao contrário da década de 1990, quando o colapso da União Soviética enfraqueceu o controle sobre seu arsenal nuclear, os poucos casos relatados envolvem gramas de material atômico enriquecido, e não quilos.

"Muita coisa já melhorou", disse Mrabit.

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