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AIEA quer acesso à base militar de Parchin no Irã

A Agência Internacional de Energia Atômica suspeita que os iranianos podem desenvolver armas nucleares nessa base militar


	Mahmud Ahmadinejad, presidente do Irã: o país nega que seu programa nuclear tenha fins militares e admite apenas objetivos civis
 (Gianluigi Guercia/AFP)

Mahmud Ahmadinejad, presidente do Irã: o país nega que seu programa nuclear tenha fins militares e admite apenas objetivos civis (Gianluigi Guercia/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de março de 2013 às 11h37.

Viena - Após um ano de negociações infrutíferas, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, pediu ao Irã que autorize rapidamente o acesso de especialistas à instalação militar de Parchin, onde suspeita que os iranianos podem desenvolver armas nucleares.

Yukiya Amano disse que o acesso deve ser autorizado "sem demora" e sem aguardar que as negociações em curso com Teerã permitam chegar a um acordo sobre a investigação de outras atividades suspeitas de relacionamento com o desenvolvimento de armas nucleares.

A AIEA suspeita que o Irã realizou em Parchin testes de explosões convencionais, aplicáveis ao setor nuclear. Utilizando imagens tiradas por satélites, a agência também acusou a República Islâmica de ter eliminado qualquer rastro comprometedor.

Teerã desmentiu e não para de repetir que o objetivo de seu programa nuclear é meramente civil, e não militar, como afirmam as potências ocidentais e Israel.

"Permitir o acesso à central de Parchin constituiria um passo positivo que ajudaria a demonstrar a disposição do Irã a cooperar com a AIEA sobre os temas que nos preocupam", disse Amano em um discurso perante os governadores da Agência, reunidos a portas fechadas em Viena.

Em um relatório publicado em novembro de 2011, a agência fez uma lista de elementos, apresentados como confiáveis, que afirmavam que o Irã trabalhou na preparação de uma arma atômica antes de 2003, e talvez depois deste ano, o que o país desmente.

As duas partes abriram uma negociação para estabelecer um plano de verificação, a cargo da AIEA, dos pontos espinhosos destacados pelo relatório.


Mas, apesar de uma série de reuniões no último ano, nenhum avanço foi feito. Diante deste panorama, a AIEA parece estar repensando sua estratégia, a julgar pelas declarações de Amano.

"Não devemos perder de vista o objetivo de solucionar todas as questões em suspenso quanto ao programa nuclear iraniano", afirmou.

"O diálogo deve dar resultados", insistiu.

O chamado de Amano é similar ao formulado na semana passada pelas grandes potências reunidas no Cazaquistão.

O chamado Grupo 5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, Grã-Bretanha, França e Alemanha) propôs atenuar certas sanções, prejudiciais para a economia iraniana, em troca de concessões de Teerã.

O Irã disse que a reunião marcou uma guinada, e as grandes potências estimaram que foi útil, à espera de um novo encontro em abril, no qual esperam algum gesto concreto de Teerã para esclarecer a natureza de seu programa nuclear.

"As negociações não prosseguirão simplesmente apenas pelo simples fato de negociar (...) Não há um tempo ilimitado", advertiu a respeito o secretário de Estado americano, John Kerry, nesta segunda-feira em Riad.

O conselho de governadores da agência atômica da ONU decidirá certamente pela reeleição de Yukiya Amano, de 65 anos. O debate está previsto para quinta-feira, segundo fontes diplomáticas, e o japonês é o único candidato.

*Matéria atualizada às 11h36

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