Reator da usina nuclear de Bushehr, no sul do Irã (Majid Asgaripour/AFP)
Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2014 às 14h04.
Viena - O Irã freou a cooperação nuclear com a Organização das Nações Unidas (ONU) em certos âmbitos, embora tenha eliminado totalmente as reservas de urânio enriquecido a 20%, informou nesta sexta-feira em Viena a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Em um relatório reservado aos países-membros do organismo e obtido pela Agência Efe, a agência nuclear da ONU detalha que o Irã colocou em prática apenas três das cinco medidas de criação de confiança acertadas em maio.
Uma foi aplicada a tempo, duas foram iniciadas depois do prazo de 25 de agosto e outras duas continuam pendentes, enquanto - contra o estipulado - o Irã ainda não apresentou novas propostas de cooperação.
O relatório da AIEA destaca que durante a recente visita do diretor-geral do organismo, Yukiya Amano, ao Irã ficou acertado que o processo de cooperação seria acelerado.
"O início pontual do acordo marco de cooperação (em novembro do ano passado) é essencial para resolver todos os assuntos pendentes", conclui Amano no documento distribuído hoje.
Com "assuntos pendentes", a AIEA se refere às chamadas "possíveis dimensões militares" do programa nuclear, que o organismo denunciou em novembro de 2011.
As suspeitas sobre estas possíveis atividades militares se baseiam em informação considerada como "crível" pela AIEA e recebida de parte de serviços de inteligência de vários países.
Entre as medidas de criação de confiança pendentes destacam-se exatamente aquelas relacionadas ao esclarecimento dessas atividades suspeitas.
Em carta enviada pelo Irã à AIEA em 28 de agosto, o governo do país considerou que a maior parte desses assuntos suspeitos é "somente alegações e não merecem ser considerados".
Por sua vez, os inspetores da AIEA, que analisam o programa nuclear do Irã há uma década, informam que, conforme o estipulado, a República Islâmica se desfez de todo o urânio enriquecido a 20%.
Em função da pureza, este material é suscetível de ser usado em armas atômicas, e uma concentração de 20% representa um nível de desenvolvimento técnico preocupante, embora ainda insuficiente para fabricar uma bomba nuclear.
A neutralização da capacidade iraniana de fabricar este combustível, de uso tanto civil quanto militar, estava no centro de um acordo nuclear interino assinado em novembro do ano passado entre o Irã e a comunidade internacional.
Ao mesmo tempo, a produção de urânio pouco enriquecido, até 5%, segue com normalidade no Irã, sempre sob a vigilância da AIEA.