Casas destruídas em Gaza durante a ofensiva israelense em agosto (Roberto Schmidt/AFP)
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2014 às 13h03.
Jerusalém - Israel criticou o relatório publicado nesta quarta-feira pela Anistia Internacional (AI), que acusa o país de ter cometido crimes de guerra durante a recente operação em Gaza, e acusou o órgão de servir como propaganda para o Hamas.
"O relatório da Anistia não contribui para o importante debate necessário para solucionar o conflito. Pelo contrário, serve de propaganda para o Hamas e outros grupos terroristas", afirmou em comunicado o Ministério de Relações Exteriores de Israel.
O documento da AI, chamado de "Famílias sob os escombros: ataques israelenses contra casas habitadas em Gaza", analisa o comportamento do exército de Israel em oito casos nos quais os ocupantes dos imóveis não foram informados que seriam atacados.
"As forças israelenses mataram um monte de civis palestinos em ataques contra casas cheias de famílias que, em alguns casos, podem constituir crimes de guerra", afirmou a organização sobre os fatos que ocorreram em Gaza entre julho e agosto, quando morreram 2,2 mil palestinos e 70 israelenses.
"O exército israelense desobedeceu descaradamente o direito de guerra ao realizar ataques sobre imóveis civis, exibindo uma cruel indiferença à carnificina causada", indicou Philip Luther, diretor do Programa para o Oriente Médio e o Norte da África da ONG.
Segundo o Ministério de Relações Exteriores de Israel, o documento da AI "acusa o país de má conduta, mas não apresenta nenhuma prova".
O comunicado diz que o órgão ignora também os crimes de guerra perpetrados pelo Hamas, incluído o uso de escudos humanos, assim como o armazenamento de munição e disparos contra centros de população civil israelenses desde escolas, hospitais, mesquitas e bairros na vizinhança de Gaza.
Além disso, destacou que Israel está realizando suas próprias investigações sobre o assunto, através de diferentes instituições, como as forças armadas.
O governo israelense questionou também o rigor do relatório da AI, que não foi assinado por membros do órgão, mas por profissionais locais que não mencionados ao longo do documento.
"A própria credibilidade para produzir os testemunhos detalhados no relatórios não foi questionada; a verificação independente das afirmações deles, aparentemente, não é necessária", criticou.
Na opinião do governo israelense, ao não se mencionar o movimento islamita Hamas no documento, "é como se o grupo não tivesse responsabilidade do derramamento de sangue".
"A Anistia deveria entender que elaborar um relatório reduzido e descontextualizado restringe sua capacidade de promover uma mudança positiva", condenou a resposta oficial de Israel.