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AI denuncia exploração de imigrantes em obras do Catar

Anistia Internacional (AI) denunciou a exploração alarmante dos trabalhadores imigrantes no Catar nas obras para a Copa do Mundo de 2022


	Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional: AI afirma que alguns trabalhadores são tratados como animais
 (Karim Jaafar/AFP)

Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional: AI afirma que alguns trabalhadores são tratados como animais (Karim Jaafar/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2013 às 07h38.

Doha - A Anistia Internacional (AI) denunciou nesta segunda-feira a exploração "alarmante" dos trabalhadores imigrantes no Catar e pediu ao país que aproveite a organização da Copa do Mundo de 2022 para demonstrar respeito pelos direitos humanos.

Em um relatório de 169 páginas, a AI afirma que alguns trabalhadores são tratados como "animais", uma palavra que os investigadores da organização ouviram do diretor de uma construtora para falar sobre os funcionários.

No documento, a organização de defesa dos direitos humanos pede à Fifa que pressione o rico emirado para que melhore as condições de trabalho dos estrangeiros, em sua maioria do sudeste asiático.

O Catar anunciou que incluirá as conclusões da AI na investigação que solicitou a um escritório de advogados para esclarecer as acusações de exploração dos imigrantes.

"Nossas conclusões demonstram o nível alarmante de exploração no setor da construção no Catar", declarou o secretário-geral da Anistia, Salil Shetty.

"Não existe desculpa para que tantos trabalhadores imigrantes sejam explorados sem piedade e se vejam privados de seus salários em um dos países mais ricos do mundo", completou Shetty.

O relatório afirma que a exploração dos operários "em alguns casos se assemelha ao trabalho escravo".

A Anistia denuncia o "não pagamento de salários, condições de trabalho duras e perigosas e condições de alojamento escandalosas", às vezes sem ar acondicionado em um país especialmente quente.

A organização destaca que "dezenas" de trabalhadores estrangeiros foram bloqueados durante meses por seus empregadores no Catar, o único país do Golfo, ao lado da Arábia Saudita, que impõe aos imigrantes a necessidade de permissão de saída.

Shetty citou o exemplo de um grupo de 70 operários do Nepal, Sri Lanka e de outras nacionalidades, com os quais se encontrou na sexta-feira.


"Trabalham para uma empresa que constrói torres de muito prestígio em Doha. Não recebem pagamento há nove ou dez meses, não têm dinheiro nem para comer", disse.

O relatório também cita um diretor de um grande hospital de Doha, que revelou que "mais de 1.000 pessoas foram internadas em 2012 na unidade de traumatologia por quedas no trabalho".

Destes pacientes, 10% ficaram com algum tipo de invalidez, e "a taxa de mortalidade foi significativa", afirma o documento.

A Anistia Internacional detalha que alguns operários que sofreram abusos trabalham para empresas terceirizadas de multinacionais, como a Qatar Petroleum, a sul-coreana Hyundai E&C e a espanhola OHL.

"A Fifa tem o dever de enviar uma mensagem forte, segundo a qual não vai tolerar violações dos direitos humanos nas obras vinculadas ao Mundial de futebol", afirmou Shetty ao apresentar o relatório.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, destacou, após uma visita em 9 de novembro a Doha, que as autoridades do país prometeram que "as leis trabalhistas serão revisadas ou já estão sendo revisadas".

Shetty afirmou que a organização se reuniu com autoridades do Catar "que se disseram dispostos a reconhecer que existe um problema" e estão prontos para "encontrar soluções".

Ele recordou que o "Catar vai ser objeto de atenção até o Mundial de 2022, o que dá ao governo uma oportunidade única de demonstrar ao mundo o sério compromisso com o respeito aos direitos humanos, o que pode servir de modelo para o restante da região".

O relatório da AI não confirma, no entanto, as informações do jornal britânico The Guardian de que 44 operários morreram entre junho e agosto nas obras da Copa, o que é negado pelas autoridades do país.

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