Londres - A Anistia Internacional (AI) pediu nesta quinta-feira ao Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Londres que reconheça seu erro ao conceder um contrato de patrocínio dos Jogos à empresa americana Dow Chemical Company (Dow), responsável por um acidente na Índia que causou milhares de mortes em 1984.

Em comunicado, a AI pediu ao presidente do comitê organizador, Sebastian Coe, que 'reconheça publicamente que não foram levados em conta os direitos humanos ao conceder um contrato à Dow, uma empresa que se negou a assumir suas responsabilidades em relação às vítimas de Bhopal (Índia)'.

A organização pró-direitos humanos lembrou que a vinculação da Dow com os Jogos, que contará com um cartaz ao redor do estádio olímpico, já causou a renúncia de Meredith Alexander, responsável de ética do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.

Meredith, que tinha sido designada pelo prefeito de Londres, o conservador Boris Johnson, para participar da chamada Comissão para Jogos Sustentáveis, renunciou porque, segundo disse, não queria 'ser cúmplice da defesa da Dow Chemicals, responsável da maior violação corporativa de direitos humanos de sua geração'.

Tanto essa comissão como outros organismos olímpicos defenderam o contrato de patrocínio com a empresa americana.

Milhares de pessoas morreram e mais de 100 mil continuam sofrendo graves problemas de saúde em Bhopal (centro da Índia) como consequência do vazamento letal ocorrido em 1984 de substâncias químicas da fábrica de pesticidas da Union Carbide, empresa que desde 2001 pertence totalmente à Dow.

Desde então, os sobreviventes e os defensores dos direitos humanos fizeram contínuos apelos à companhia para que se responsabilize pelas consequências do desastre, incluindo a contaminação das águas pelos resíduos tóxicos.

No entanto, denuncia a AI, a empresa americana sempre se eximiu das responsabilidades.

'A demissão (de Meredith) significa que os organizadores de Londres 2012 não podem ignorar por mais tempo as preocupações quanto aos direitos humanos que a Dow desperta', indica a Anistia Internacional.