O governo iraniano defendeu que suas relações com a América do Sul são "estratégicas e muito valiosas", (©AFP / Atta Kenare)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2012 às 14h13.
La Paz - O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, visitará La Paz nesta terça-feira para se encontrar com o presidente da Bolívia, Evo Morales, em meio a críticas sobre sua agenda e questionamentos da oposição do país, que pede uma maior transparência nas relações bilaterais.
A chancelaria boliviana confirmou nesta segunda-feira que Ahmadinejad chegará no país na madrugada desta terça-feira e depois irá para o Rio de Janeiro, onde participará da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20.
Não foram dados maiores detalhes sobre os assuntos que Ahmadinejad tratará com Morales nem do resto de suas atividades na Bolívia.
A chancelaria apenas informou que serão assinados acordos nos setores de geologia e segurança. A nota oficial acrescentou que Ahmadinejad também viajará para Santa Cruz, sem especificar por quanto tempo permanecerá na cidade, e que depois seguirá para o Brasil.
Esta é a terceira visita de Ahmadinejad à Bolívia, após as viagens de 2007 e 2009, realizadas para estreitar as relações de cooperação estratégica, econômica, militar e de segurança entre os dois países.
Morales e Ahmadinejad também se reuniram em Teerã em 2008, na primeira visita de um presidente boliviano ao Irã, e em 2010.
A deputada Alejandra Prado, do partido de oposição Convergência Nacional, condenou a visita de Ahmadinejad e disse à Agência Efe que seu regime teocrático "não respeita os direitos fundamentais de mulheres, crianças e homossexuais", e que suas relações com a Bolívia "nunca foram claras nem transparentes".
"Condenamos a chegada de um presidente que não somente viola direitos fundamentais em seu país, mas também apoia o regime sírio e que comete de forma diária delitos contra a humanidade", declarou a parlamentar, que pediu para Morales revelar "qual é o interesse real" do Irã na Bolívia.
Centenas de defensores dos direitos humanos, ecologistas e membros da comunidade judaica protestaram no domingo no Rio de Janeiro contra a participação de Ahmadinejad na Rio+20.
O governo iraniano defendeu que suas relações com a América do Sul são "estratégicas e muito valiosas", porque o país vê a região como porta de saída para seu isolamento internacional e a considera uma aliada em sua luta contra o capitalismo e o sistema global.
Documentos diplomáticos revelados pelo Wikileaks em 2010 afirmam que o Irã procura na Bolívia urânio para seu programa nuclear, o que é negado pelo governo de Morales. Diplomatas em La Paz, no entanto, disseram à Efe que apesar dos desmentidos esse interesse continua existindo.