Agricultores franceses: Acordo entre UE e Mercosul gerou protestos. Na placa: "Mercosul- destruição da agricultura francesa" (Emmanuel Foudrot/Reuters)
Reuters
Publicado em 8 de agosto de 2019 às 13h09.
Última atualização em 8 de agosto de 2019 às 13h13.
Paris — Agricultores franceses revoltados com os acordos comerciais da União Europeia com Canadá e Mercosul protestaram depredando escritórios de parlamentares do partido do presidente Emmanuel Macron, e o descontentamento público contra o governo não dá sinais de enfraquecimento.
Os agricultores visaram os escritórios dos políticos durante a madrugada em Poitiers, Loudun e Chatellerault, no oeste da França, disse um braço regional do partido LREM de Macron no Twitter nesta quinta-feira.
Uma associação local de agricultores disse que realizou o protesto, que incluiu impedir o acesso aos escritórios com muros improvisados de tijolos nos quais picharam slogans contra o tratado entre a UE e o Canadá, conhecido como Ceta.
"Estou assombrado com o muro e a pichação que foram postos pelos agricultores diante do meu escritório na noite passada", tuitou Sacha Houlié, que representa o LREM em Poitiers.
Os protestos antigoverno ganharam força depois que o Parlamento sancionou o acordo comercial UE-Canadá em julho. Críticos dizem que ele minará os regulamentos sociais e ambientais do bloco ao permitir importações de produtos feitos em condições que não seriam permitidas na Europa.
Os agricultores também estão revoltados com o potencial impacto de um acordo comercial provisório firmado em junho pela UE e pelo Mercosul, que inclui os grandes exportadores agrícolas Brasil e Argentina, sobre sua subsistência.
Os agricultores franceses têm uma longa tradição de realizar protestos que causam transtornos. A revolta atual se soma às manifestações antigoverno em andamento dos "coletes amarelos", e também houve confrontos violentos em Nantes na semana passada em uma manifestação antipolícia.