Jacob Zuma: descobertas são mais um golpe em Zuma, assolado por escândalos, e pode prejudicar o partido governista Congresso Nacional Africano (CNA) nas eleições de 7 de maio (AFP/ Stephane de Sakutin)
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2014 às 16h31.
Pretória - O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, se beneficiou "indevidamente" de uma reforma residencial de 23 milhões de dólares, custeados pelo Estado, que incluiu um curral e um anfiteatro, disse o órgão anti-corrupção do país nesta quarta-feira em um relatório danoso às vésperas da eleição.
A protetora pública Thuli Madonsela acusou Zuma de conduta "inconsistente com seu cargo" e disse que ele deveria pagar por algumas das reformas desnecessárias, entre elas um galinheiro e uma piscina justificada como equipamento anti-incêndio.
As descobertas são mais um golpe em Zuma, assolado por escândalos, e pode prejudicar o partido governista Congresso Nacional Africano (CNA) nas eleições de 7 de maio, embora o ex-movimento de libertação, que governa desde o final do apartheid em 1994, ainda seja o favorito.
A presidência disse que Zuma "tem se preocupado com as alegações de inconveniência" que cercam a reforma, e que irá estudar o relatório e dar sua resposta "no momento adequado", acrescentou o comunicado.
O relatório de 444 páginas de Madonsela, uma investigação de dois anos sobre as reformas na residência rural de Nkandla, na província de KwaZulu-Natal, pintou um quadro de incompetência oficial sistemática e denunciou práticas lenientes que Zuma jamais questionou.
"O presidente aceitou tacitamente a implementação de todas as medidas em sua residência e se beneficiou indevidamente do enorme investimento de capital nas instalações não relacionadas à segurança em sua residência particular", disse Madonsela.
A promotora de fala suave, que se tornou famosa por seu escrutínio abrangente das irregularidades oficiais, descreveu o excesso de gastos como "exponencial" e disse que os ministros trataram do projeto de "uma maneira espantosa".
Quando o escândalo de Nkandla veio à tona, em 2009, o custo foi estimado em 6,1 milhões de dólares. Apesar de estar sob a atenção do público desde então, a conta inflou para quase o quádruplo do valor inicial à medida que o projeto fugia do controle.
O valor chega a oito vezes o dinheiro gasto na segurança da casa do líder anti-apartheid Nelson Mandela, morto em dezembro aos 95 anos, e mais de mil vezes o montante gasto na casa de F.W. de Klerk, último presidente branco da África do Sul.