Jovem com suspeita de ebola tem a temperatura medida em cidade de Serra Leoa (Carl de Souza/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2014 às 16h56.
Monróvia - As autoridades sul-africanas anunciaram nesta quinta-feira o fechamento de suas fronteiras a pessoas procedentes de Guiné, Libéria e Serra Leoa diante do risco da epidemia de ebola, enquanto o coordenador da ONU para esta doença iniciava uma visita aos países afetados.
Enquanto vários países do oeste da África lutam contra esta epidemia, que já deixou 1.350 mortos, (576 na Libéria, 396 na Guiné e 374 em Serra Leoa), segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 18 de agosto, dois missionários americanos conseguiram superar a doença, graças a um soro experimental que nunca tinha sido usado em humanos até agora.
O doutor Kent Brantly, de 33 anos, e a voluntária Nancy Writebol, de 60, que tinham contraído a doença tratando de doentes na capital da Libéria, Monróvia, e foram repatriados aos Estados Unidos no começo do mês, deixaram nesta quinta-feira o hospital completamente recuperados, anunciaram os médicos.
"A alta médica destes dois pacientes não representa nenhuma ameaça sanitária", disse Bruce Ribner, diretor da unidade de doenças infecciosas do hospital Emory.
O governo sul-africano decidiu proibir o acesso a seu território de pessoas procedentes de Guiné, Libéria e Serra Leoa, países afetados pelo vírus ebola considerados de alto risco, "salvo se a viagem for considerada absolutamente essencial" e pediram aos seus cidadãos que adiem qualquer viagem para estes países.
A Nigéria, onde cinco pessoas morreram desta febre hemorrágica altamente contagiosa e a quem consideram de "risco médio", está a salvo destas medidas.
- Coordenação internacional -
Os países africanos afetados pela epidemia, em colapso por sua amplitude, esperavam que a comunidade internacional se comprometa para conter seus efeitos.
Com isso, o coordenador da ONU para o ebola, doutor David Nabarro, chegou nesta quinta-feira a Dacar, vindo dos Estados Unidos, e se dirigiu em seguida à Libéria para iniciar uma visita que também o levará a Serra Leoa, Guiné e Nigéria, segundo fontes da ONU.
Na Libéria, onde vigora desde a quarta-feira um toque de recolher e dois bairros da periferia da capital, Monróvia, estão em quarentena, a Cruz Vermelha considerou necessário confiar a coordenação da luta contra o ebola a uma organização internacional antes que às autoridades locais, "diante de uma calamidade desta proporção".
De pequena capacidade, o único crematório do país, pertencente à comunidade hindu indiana, está sobrecarregado com as dezenas de corpos de vítimas do ebola que chegam diariamente, destacou o secretário-geral da Cruz Vermelha liberiana, Fayah Tamba.
"Nossa equipe conseguiu recolher 41 corpos. No domingo, recolheram 37. O crematório não tinha capacidade para incinerar todos, e tivemos que levar alguns" para o hospital, explicou Tamba. "Na manhã seguinte, tivemos que transportá-los ao crematório e garantir de estavam sendo incinerados para que pudéssemos recolher mais corpos".
Na vizinha Serra Leoa, onde assim como na Libéria "a transmissão continua sendo elevada", segundo a OMS, soaram desde as primeiras horas do dia os chamados dos muazines nas mesquitas e os sinos das igrejas para marcar o início de um dia de orações e jejum contra o ebola.
"Tanto cristãos quanto muçulmanos imploram a misericórdia divina e seu perdão por todos os pecados", declarou à AFP a reverenda Christiana Sutton-Koroma.
O ministro de Assuntos Sociais, Muijeh Kaikai, confirmou que as autoridades sauditas tinham informado que nenhum dos mil peregrinos de Serra Leoa, inscritos para a grande peregrinação anual à Meca este ano receberão visto por causa da epidemia.
Na Guiné, cerca de cem de médicos e voluntários foram mobilizados em 41 postos de entrada e controle nas fronteiras com Libéria e Serra Leoa, em virtude do estado de emergência sanitária, decretado em 13 de agosto.
"Toda pessoa, guineana ou estrangeira, que viva fora das nossas fronteiras e queira entrar no nosso país deve ser rigorosamente examinada", disse o ministro da Saúde, o médico coronel Rémy Lamah.