Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sofreu dois contratempos na terça-feira (Yuri Gripas/Reuters)
Reuters
Publicado em 22 de agosto de 2018 às 12h21.
Washington/Charleston - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sofreu dois contratempos na terça-feira, quando dois ex-auxiliares enfrentaram a ameaça de ir à prisão e um deles disse que Trump o instruiu a cometer um crime, o que pode prejudicar as perspectivas eleitorais do seu Partido Republicano e ampliar uma investigação criminal que vem ofuscando sua Presidência.
Com minutos de intervalo em tribunais diferentes, Paul Manafort, ex-gerente de campanha de Trump, foi condenado por acusações de fraude bancária e tributária, enquanto o ex-advogado pessoal do presidente, Michael Cohen, se declarou culpado de uma série de acusações.
Cohen ainda disse em seu depoimento que Trump o orientou a cometer um crime planejando pagamentos antes da eleição presidencial de 2016 para silenciar duas mulheres que disseram ter tido um caso com o então candidato.
As adversidades voltaram a direcionar os holofotes ao inquérito do procurador especial Robert Mueller, que investiga se a Rússia interferiu na votação de 2016, se houve um conluio da campanha de Trump com Moscou e se Trump obstruiu a justiça ao demitir o então diretor do FBI James Comey, que estava formalmente encarregado da investigação.
Trump negou um conluio, classificando o inquérito de Mueller de "caça às bruxas".
Dos dois desdobramentos mais recentes, a admissão de culpa de Cohen é o mais problemático, disseram pessoas do entorno de Trump.
"Um dia ruim para o time da casa", disse uma fonte próxima do presidente, que pediu para não ser identificada.
A fonte acrescentou que as complicações legais podem reduzir o comparecimento do eleitorado e aumentar o risco de os republicanos perderem sua maioria de 23 cadeiras na Câmara dos Deputados nas eleições parlamentares de novembro. "Isso prejudica nossas perspectivas de (eleições de) meio de mandato".
Uma vitória democrata em novembro limitaria a capacidade de Trump para ditar a pauta legislativa e aumentaria o perigo de pedidos de impeachment.
O advogado de Cohen, Lanny Davis, disse na noite de terça-feira que seu cliente está "mais do que feliz" de contar à equipe legal de Mueller tudo que sabe sobre Trump.
Os democratas capitalizaram os casos Cohen e Manafort, dizendo que estes reforçam seu argumento de que a Casa Branca de Trump está curvada sob o peso de escândalos.