Metanfetamina: o uso de metanfetamina, um estimulante sintético, subiu nos últimos meses entre os consumidores de opiáceos (Sandra Teddy/Getty Images)
EFE
Publicado em 2 de março de 2017 às 14h31.
Viena - O Afeganistão não é só o maior produtor mundial de ópio - a matéria-prima que é usada para a fabricação da heroína - e o segundo maior de resina de maconha - que produz o haxixe-, mas nos últimos meses se transformou em um grande centro de produção de metanfetamina.
Este é um dos aspectos destacados nesta quinta-feira no Relatório de 2016 da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife), um organismo da ONU que zela pelo cumprimento da legislação mundial sobre narcóticos.
A Jife afirma que o uso de metanfetamina, um estimulante sintético, subiu nos últimos meses entre os consumidores de opiáceos e foi detectado um aumento na apreensão desta droga.
Os especialistas lembram que o cultivo de ópio no Afeganistão, o maior produtor mundial desta substância, cresceu 10% em 2016 até alcançar os 201 mil hectares, devido principalmente ao aumento da insegurança com a intensificação do conflito.
A produção potencial de ópio alcançou em 2016 4,8 mil toneladas, 43% a mais que em 2015.
A maior parte dos cultivos de papoula estão em zonas sob controle das milícias islamitas talibã.
"A Junta faz uma chamada à comunidade internacional e aos governos associados para que sigam apoiando a luta do Afeganistão contra os entorpecentes em vista destes preocupantes eventos, apontando que as medidas de luta contra as drogas são fundamentais se desejamos atingir um desenvolvimento sustentável", afirma o relatório.
E adverte que as erradicações de ópio ficaram paralisadas e critica o governo afegão por isso.
"A Junta destaca a necessidade do governo do Afeganistão mostrar resultados tangíveis com relação a seus esforços na luta contra a droga e em relação com a quantia de ajuda que recebeu nos últimos anos, a fim de restaurar a confiança na capacidade do governo para aproveitar a assistência e cumprir com os compromissos contraídos", afirma o documento.
Os especialistas da ONU consideram também "alarmante" a tendência em alta do cultivo de cannabis, que transformou o país já no segundo maior produtor mundial de haxixe, só atrás do Marrocos.
A esta situação se acrescenta agora um novo fenômeno em 2016, quando foram descobertos laboratórios e componentes químicos para fabricar metanfetamina, um estimulante sintético muito consumido em alguns países da Ásia, desde Irã até a China.
"Em operações recentes realizadas em laboratórios ilícitos, foi detecta a presença de equipamentos utilizados na fabricação de metanfetamina, enquanto em anos anteriores a metanfetamina costumava entrar no país como produto final", destaca o relatório deste órgão da ONU.
Devido à novidade desta situação, a Jife afirma que "fica por determinar o alcance e a magnitude da nova tendência e sua relevância para os mercados regionais de metanfetamina".
Mas, segundo os especialistas da ONU, tudo aponta que o país se transformou em um centro de produção de metanfetamina, o que acrescenta uma terceira "substância problemática" aos desafios que enfrenta quanto a substâncias ilegais que podem financiar milícias armadas que lutam contra o governo.