Mundo

Afeganistão teve recorde de vítimas civis em 2016, diz ONU

Mais de 3.500 crianças figuram entre as vítimas, um balanço em aumento desproporcional de 24% em um ano

Afeganistão: cerca de 11.500 civis afegãos morreram ou ficaram feridos em 2016 (Mohammad Ismail/Reuters)

Afeganistão: cerca de 11.500 civis afegãos morreram ou ficaram feridos em 2016 (Mohammad Ismail/Reuters)

A

AFP

Publicado em 6 de fevereiro de 2017 às 14h42.

O Afeganistão viveu em 2016 o ano mais sangrento para a sua população desde que a ONU começou a contabilizar as vítimas civis no país, em 2009, devido à intensificação dos combates e à consolidação do grupo Estado Islâmico em seu território.

Cerca de 11.500 civis afegãos morreram ou ficaram feridos em 2016 no Afeganistão, segundo o oitavo relatório da Missão de Assistência da ONU (UNAMA) apresentado nesta segunda-feira.

Mais de 3.500 crianças figuram entre as vítimas, um balanço em aumento desproporcional de 24% em um ano, indicou a UNAMA.

"Entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2016, a UNAMA registrou 11.148 vítimas civis (4.498 mortos e 7.920 feridos)", o que representa um aumento geral de 3% (+6% dos feridos).

Como forma de comparação, a ONU registrou menos de 6.000 vítimas civis em seu primeiro relatório de 2009. Desde então, 24.841 civis afegãos morreram e 45.347 ficaram feridos.

"Este relatório revela a cruel realidade do conflito para os homens, mulheres e crianças afegãos que, ano após ano, seguem sofrendo sem trégua", declarou o representante especial do secretário-geral, Tadamichi Yamamoto, que convocou "todas as partes a tomar medidas imediatas e concretas para proteger" os civis.

"Deter os combates nas zonas povoadas e nos espaços civis como as escolas, os hospitais ou as mesquitas", disse.

Bombardeios mortíferos

A UNAMA registrou "um número recorde de vítimas em combates terrestres, ataques suicidas e explosivos abandonados, e o pior balanço de vítimas de operações aéreas desde 2009", indicou a diretora de Direitos Humanos do organismo, Danielle Bell.

Segundo a mesma fonte, as forças afegãs são responsáveis por 43% das vítimas.

Como a estratédia do governo afegão e de seus aliados ocidentais consiste em impedir por todos os meios que os insurgentes conquistem uma capital provincial, os combates são travados na periferia dos centros urbanos, em bairros residenciais.

Os ataques aéreos dos aviões afegãos e americanos deixaram 590 vítimas civis - 250 mortos e 340 feridos -, em localidades e casas onde havia mulheres e crianças.

As forças americanas reconheceram no mês passado ter causado "33 mortos e 27 feridos" durante os dez bombardeios que realizaram no povoado de Boz e Qandahari, perto de Kunduz, mas justificaram esta operação como uma atuação em "legítima defesa".

A ONU informa, por sua vez, sobre um balanço de 32 mortos, incluindo 20 crianças e seis mulheres, e de 36 feridos - 15 crianças e nove mulheres.

A ONU atribui, no entanto, a maioria das vítimas civis (61%) aos "elementos antigovernamentais", principalmente os talibãs, mas também aos Estados Unidos (EI).

O número de vítimas do Estado Islâmico multiplicou por dez em um ano, indicou Bell.

Seus atentados tinham como alvo sobretudo a minoria xiita do país, especialmente em Cabul, razão pela qual a UNAMA considera que podem se tratar de "crimes contra a humanidade", por seu caráter confessional.

Acompanhe tudo sobre:AfeganistãoEstado IslâmicoMortesViolência política

Mais de Mundo

Macron afirma a Milei que França não assinará acordo entre UE e Mercosul

Sánchez apoiará Lula no G20 por um imposto global sobre grandes fortunas

Biden autoriza Ucrânia a usar armas dos EUA para atacar Rússia, diz agência

Porta-voz do Hezbollah é morto em ataque israelense em Beirute