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Aeronaves chinesas rodeiam Taiwan após discurso duro do presidente da ilha

Ministério da Defesa Nacional havia detectado um total de 26 aeronaves chinesas, incluindo caças J-10, aviões de alerta rápido KJ-500 e drones, conduzindo operações sobre o mar

William Lai: presidente de Taiwan (AFP/AFP)

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EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 17 de março de 2025 às 13h43.

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Cerca de 50 aeronaves chinesas sobrevoaram os arredores de Taiwan durante duas operações distintas nesta segunda-feira, 17, apenas quatro dias depois que o presidente taiwanês, William Lai, definiu a China como uma "força estrangeira hostil" e propôs 17 medidas para conter as operações de "infiltração" de Pequim contra a ilha.

Em um primeiro comunicado, o Ministério da Defesa Nacional de Taiwan disse que, às 6h40 de segunda-feira (horário local, 19h40 de domingo em Brasília), havia detectado um total de 26 aeronaves chinesas, incluindo caças J-10, aviões de alerta rápido KJ-500 e drones, conduzindo operações sobre o mar.

Desse total, 20 aeronaves cruzaram a linha mediana do Estreito de Taiwan e entraram nas regiões norte, central, sudoeste e leste da autoproclamada Zona de Identificação de Defesa Aérea (ZIDA) de Taiwan, cercando a ilha para conduzir "patrulhas conjuntas de preparação para o combate" em coordenação com embarcações da Marinha chinesa.

Horas depois, em um segundo comunicado, a pasta de Defesa taiwanesa acrescentou que, às 14h30 (3h30), havia detectado outras 28 aeronaves chinesas, incluindo caças J-10 e aeronaves KJ-500, das quais 22 cruzaram novamente a linha mediana do Estreito e entraram nos mesmos setores da ZIDA, em coordenação com navios de guerra chineses.

"As Forças Armadas empregaram métodos conjuntos de inteligência, vigilância e reconhecimento para monitorar de perto a situação, mobilizando aeronaves, navios e sistemas de mísseis costeiros para responder adequadamente", acrescentou o Ministério da Defesa taiwanês no comunicado.

Esse aumento na atividade militar chinesa ocorre depois que William Lai, considerado um "ativista da independência" e um "encrenqueiro" pelas autoridades de Pequim, chamou a China de "força estrangeira hostil" no último dia 13 de março, durante um de seus discursos mais duros desde que assumiu o cargo.

"A China já se enquadra na definição de 'força estrangeira hostil' segundo o estabelecido pela Lei Anti-Infiltração (...). Chegou a hora de implementar medidas preventivas apropriadas, fortalecer nossa resiliência democrática e segurança nacional, e proteger nosso estimado modo de vida livre e democrático", declarou Lai.

Essas medidas, que incluem o restabelecimento de tribunais militares e uma revisão rigorosa das visitas de cidadãos chineses a Taiwan, visam "combater as crescentes ameaças representadas pelo Partido Comunista chinês e manter o status quo pacífico e estável" no Estreito de Taiwan, explicou mais tarde a porta-voz presidencial Karen Kuo, confirmando a designação de Pequim como uma "força estrangeira hostil".

Em resposta, Chen Binhua, porta-voz do Gabinete de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado (Executivo chinês), ameaçou na quinta-feira passada tomar "medidas fortes" se as "forças separatistas" de Taiwan ousassem cruzar a "linha vermelha".

As autoridades da República Popular da China consideram Taiwan, uma ilha governada de forma autônoma desde 1949, uma "parte inalienável" do território chinês e não descartam o uso da força para alcançar a "reunificação nacional", uma das metas de longo prazo estabelecidas pelo presidente chinês, Xi Jinping, desde que chegou ao poder em 2012.

O governo de Taiwan, liderado pelo Partido Democrático Progressista (PDP), uma legenda pró-soberania desde 2016, afirma que a ilha já é um país independente de fato sob o nome de República da China e sustenta que seu futuro só pode ser decidido por seus 23 milhões de habitantes.

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