Advogado de Abdeslam: o advogado deixou claro que seu cliente será extraditado à França (Eric Vidal / Reuters)
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2016 às 10h43.
Bruxelas - O advogado de Salah Abdeslam, Sven Mary, disse nesta segunda-feira em entrevista à rádio flamenga "VRT" que seu cliente tem "informações muito valiosas" para a investigação dos atentados de novembro em Paris, mas desmentiu a afirmação de que ele estaria disposto a se um delator.
Segundo o jornal flamengo "Het Laatste Nieuws", Abdeslam estaria disposto a confessar, em troca de uma redução de pena.
"Ele disse ter informações de um valor inestimável para a investigação, mas jamais disse que queria se transformar em um arrependido", explicou o advogado à "VRT".
"Penso que Salah Abdeslam é de uma importância capital para esta investigação. Eu diria que vale ouro. Colabora. Comunica. Não usa seu direito ao silêncio", acrescentou.
Por outro lado, o advogado deixou claro que seu cliente será extraditado à França.
"Não há uma só razão pela qual não deva ser enviado à França. A única coisa que quero fazer é comprovar a legitimidade da ordem de detenção europeia. Como advogado, esse é meu trabalho. Não é para ganhar tempo. Será o magistrado que decidirá para onde ele vai", afirmou.
Sven Mary deve se reunir novamente na tarde de hoje com seu cliente. "O deixarei falar primeiro. Precisamos ouvir o que ele tem para contar", indicou.
Mary, um dos melhores advogados de Bruxelas, explicou que quando viu seu cliente pela primeira vez, Abdeslam estava deitado e cercado por oficiais da polícia que usavam máscaras, situação que disse ter achado "bastante anormal".
Além disso, o advogado afirmou que acredita que Abdeslam "tinha uma sensação de alívio pela caçada ter terminado".
Por outro lado, os meios de comunicação belgas também publicaram hoje que, ao ampliar as imagens da detenção do foragido mais procurado da Europa, a emissora flamenga "VTM" fez uma misteriosa descoberta: um papel que ele guardava na calça caiu no momento da detenção.
Essa pista escapou da vigilância da polícia, admitiram fontes policiais ao jornal flamengo "Het Nieuwsblad".
"Durante a detenção tínhamos outra coisa na cabeça. Não vimos o papel. Uma pena", explicaram essas fontes, que acrescentaram que, após ver as imagens da televisão, os investigadores retornaram ao local para tentar recuperar a pista, mas não encontraram nada.
Abdeslam, suspeito de ser um dos principais líderes dos atentados de 13 de novembro em Paris, foi detido na sexta-feira junto com outras quatro pessoas em uma operação policial no distrito de Molenbeek, em Bruxelas.