Elon Musk: resistência no governo Trump à sua diretriz sobre e-mails de funcionários federais (Chip Somodevilla/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 25 de fevereiro de 2025 às 16h15.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2025 às 16h17.
A administração do presidente americano, Donald Trump, autorizou líderes das agências federais a ignorarem a diretriz pública do bilionário Elon Musk, que determinava a demissão de funcionários que não enviassem um e-mail detalhando suas atividades semanais. A decisão marca uma ruptura com o magnata sul-africano, que tem buscado reduzir drasticamente a força de trabalho federal dos Estados Unidos.
O Escritório de Gestão Pessoal (OPM, na sigla em inglês), órgão que funciona como o departamento de RH do governo, comunicou a orientação aos diretores de recursos humanos das agências em uma reunião na segunda-feira, segundo fontes ouvidas pelo Washington Post. No entanto, ainda não há uma decisão sobre como lidar com os funcionários que já enviaram os e-mails solicitados por Musk.
No sábado, o bilionário publicou no X que funcionários federais receberiam um e-mail solicitando uma lista de atividades da semana anterior e que a falta de resposta até 23h59 de segunda-feira seria considerada como um pedido de demissão. O comunicado foi enviado para milhões de pessoas, incluindo juízes federais e funcionários do poder legislativo, gerando confusão generalizada.
Mesmo antes da nova orientação do governo, algumas agências já haviam instruído seus funcionários a não cumprir a ordem. O temor era que a diretriz levasse à divulgação de informações sensíveis ou ligadas à segurança nacional.
Na segunda-feira, Trump minimizou a situação, afirmando que algumas exceções seriam aplicadas ao pedido de Musk:
“As lideranças não querem bater de frente com Elon de forma alguma. Eles só estão dizendo que há certas pessoas que você realmente não quer que contem o que estavam fazendo na semana passada”, declarou o presidente no Salão Oval.
Diante da resistência, Musk anunciou na noite de segunda-feira que os funcionários teriam “outra chance” de responder ao e-mail e, caso não o fizessem, seriam desligados.
Até o último fim de semana, os principais assessores de Trump apoiavam a visão de Musk para um governo menor e mais eficiente, livre do que os republicanos chamam de ideologia “woke” (pautas ligadas à igualdade social, racial e de gênero). Algumas agências, como a Usaid, foram quase fechadas, e funcionários foram ordenados a voltar ao regime presencial sob pena de demissão.
Porém, a resistência ao e-mail de Musk sugere que há limites para sua influência no governo Trump. Nos altos escalões das agências federais, a diretriz foi vista como uma ameaça à autonomia e segurança institucional.
Enquanto isso, líderes escolhidos por Trump em departamentos como Tesouro, Transportes e Gestão e Orçamento reforçaram a exigência do e-mail de Musk, demonstrando a divisão dentro da administração.
A dissidência dentro do governo Trump é rara, uma vez que o presidente exige lealdade absoluta de seus subordinados. No entanto, neste caso, vários altos funcionários desafiaram Musk e orientaram trabalhadores de departamentos como Defesa, Estado, Energia e Segurança Interna a ignorarem a ordem.
“Por enquanto, pedimos que os funcionários do DOE (Departamento de Energia) aguardem antes de responder diretamente ao e-mail do OPM”, escreveu o secretário de Energia, Chris Wright, em comunicado obtido pelo The Times.
A divisão ocorre dois dias antes da primeira reunião de gabinete de Trump em seu segundo mandato. Em 2017, sua primeira reunião ficou marcada por elogios ao presidente. Agora, resta saber se esse cenário se repetirá ou se a resistência às ordens de Musk marcará um novo capítulo na relação entre governo e bilionário.