Maddie desapareceu em 2007, pouco antes de completar quatro anos (Jeff J Mitchell/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 16 de fevereiro de 2024 às 11h08.
A Justiça alemã adiou, nesta sexta-feira, 16, pouco depois do início, o julgamento do principal suspeito do desaparecimento da menina britânica Madeleine McCann em 2007, em Portugal, processado por estupros e crimes sexuais que não fazem parte do caso de repercussão internacional.
O tribunal decidiu interromper a audiência e adiá-la para a próxima sexta-feira, antes da leitura da acusação contra Christian Brückner, um alemão de 47 anos que será submetido a um julgamento de vários meses por agressões sexuais e estupros cometidos entre 2000 e 2017 em Portugal.
A defesa do suspeito levantou dúvidas sobre a imparcialidade de uma juíza assessora não profissional, psicoterapeuta infantil que defende os interesses das crianças. Segundo a defesa, sua profissão colocaria em dúvida a sua objetividade.
Afirmou ainda que a juíza pediu na Internet o assassinato do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Brückner apareceu nesta sexta-feira vestindo camisa roxa e paletó cinza, com uma expressão tranquila.
O processo, julgado no tribunal de Brunswick, norte da Alemanha, suscita expectativas, já que o acusado não comparece a uma audiência pública desde que foi indicado em junho de 2020 como principal suspeito pelo "caso Maddie".
Isso representou um ponto de virada na investigação internacional com várias reviravoltas, pistas e hipóteses falsas.
Maddie desapareceu em 2007, pouco antes de completar quatro anos, na Praia da Luz, turística localidade do Algarve, extremo-sul de Portugal.
Brückner não foi formalmente acusado do desaparecimento da menina, mas foi a investigação do caso que o levou ao julgamento por crimes sexuais, disse Christian Wolters, porta-voz da promotoria de Brunswick.
"Sem a investigação do caso Maddie, estes supostos crimes não viriam à tona", disse à AFP.
- Estupros, agressão sexual, exibicionismo -
O acusado cumpre atualmente uma pena de sete anos de prisão na Alemanha por estuprar, em 2005, uma americana, então com 72 anos, na Praia da Luz, a mesma localidade onde a família de Madeleine McCann passava férias.
O tribunal de Brunswick examinará várias acusações de crimes sexuais contra ele, entre eles, três estupros.
Suas supostas vítimas foram uma septuagenária, amarrada e espancada em seu apartamento de veraneio; uma menina de 14 anos, que ele amordaçou em um pilar de madeira na casa dela, e uma irlandesa de 20 anos, cuja casa ele invadiu pela varanda.
Também é acusado de abusar sexualmente de uma alemã de 10 anos em uma praia, em abril de 2007, meses antes do desaparecimento de Maddie, e exibicionismo a uma menina portuguesa de 11 anos.
O acusado pode ser condenado a uma pena de até 15 anos de prisão. Se não for declarado culpado, pode ser solto em 2026, segundo Wolters.
O advogado de Christian B., Friedrich Fülscher, afirmou que o seu cliente optou por se defender permanecendo em silêncio, mas que isso "não significa que ele tenha algo a esconder".
"Garantir um processo justo será a maior dificuldade: a condenação do acusado pela imprensa não têm precedentes", disse o advogado à AFP.
Entre as provas que a acusação apresentará estão depoimentos de testemunhas e cadernos apreendidos na casa do suspeito, disse Christian Wolters. Essas notas manuscritas e esboços dão uma ideia das "fantasias sexuais" do acusado, disse ele.
Christian B., suspeito pelo desaparecimento de Madeleine McCann, em uma imagem de 2018, quando foi preso na Itália por tráfigo de drogas
Maddie desapareceu do quarto do complexo turístico onde sua família passava as férias enquanto seus pais jantavam nas proximidades.
O seu desaparecimento desencadeou uma intensa campanha internacional para encontrá-la. As fotos da menina, com os cabelos castanhos cortados na altura dos ombros e os grandes olhos claros, correram o mundo.
As suspeitas contra Christian B., anunciadas oficialmente há quase quatro anos, reavivaram a esperança dos seus pais, Gerry e Kate, de finalmente avançarem na investigação.
As investigações arrastaram-se por anos até que as autoridades encontraram este alemão, que vivia a poucos quilômetros do hotel onde estava a família McCann.
Nesta nova fase da investigação, a polícia portuguesa realizou buscas em maio de 2023 perto de um reservatório de água no sul do país.
Novos "elementos" foram encontrados, disse a promotoria de Brunswick, embora "ainda seja muito cedo" para determinar se estão ligados ao desaparecimento da menina.
Os promotores alemães afirmam ter "provas concretas" da morte de Madeleine.