O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota: o processo da Venezuela levou seis anos porque houve resistências de parlamentares no Paraguai e no Brasil (Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2012 às 13h03.
Brasília – A adesão da Venezuela ao Mercosul, há pouco mais de um mês, mostra que o bloco não representa apenas o Sul do continente, mas a região como um todo. A avaliação foi feita hoje (5) pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara.
“A decisão de ingresso da Venezuela foi tomada por consenso, em Mendoza, na Argentina”, destacou Patriota, lembrando que a formalização da participação dos venezuelanos ocorreu em 31 de julho. “Consideramos que o ingresso da Venezuela traz um elemento de muito peso econômico e comercial, pois é a quarta economia da América do Sul e com muitas áreas desenvolvidas.”
Patriota disse ainda que o objetivo é ampliar a integração no Mercosul, ampliando as parcerias. As negociações mais avançadas são com o governo do presidente do Equador, Rafael Correa. Mensalmente, especialistas e diplomatas fazem reuniões com o objetivo de discutir aspectos técnicos para a adequação às normas do bloco.
“[O ingresso da Venezuela] ilustra que o Mercosul não é um projeto para beneficiar apenas o Sul do continente, mas toda a região. O nosso propósito é que a partir dessa aproximação do Mercosul estejamos na prática constituindo uma área de cooperação crescente.”
O processo da Venezuela levou seis anos porque houve resistências de parlamentares no Paraguai e no Brasil. O Brasil aprovou a incorporação dos venezuelanos ao grupo. O Paraguai não chegou a votar por ausência de acordo entre os parlamentares. Os paraguaios estão suspensos do bloco até abril de 2013, quando haverá eleições presidenciais no país.
Pelo planejamento inicial, a prioridade é incluir na lista de produtos comercializados entre a Venezuela e os demais integrantes do bloco mercadorias cujas taxas estejam próximas às cobradas pelo Mercosul – que variam de 10% a 12,5%. Na Venezuela, a média cobrada é 12%. A ideia é incorporar os produtos venezuelanos, mas com tolerância de variação de 2%.
O livre comércio na região, denominado liberalização, deve ser adotado após a conclusão do processo de regularização da nomenclatura. A previsão é que ocorra a partir de janeiro de 2013. Mas, pelo Protocolo de Adesão da Venezuela ao Mercosul, o prazo final é quatro anos. O esforço será para antecipar esse prazo.