Antes de executar 92 pessoas em Oslo, o assassino norueguês Anders Behring Breivik enviou a todos os seus contatos na rede social Facebook uma mensagem contendo um vídeo e um manifesto de 1500 páginas (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2011 às 21h02.
Oslo - A polícia interrogará novamente na sexta-feira Anders Behring Breivik, acusado pelos ataques sangrentos na Noruega, na tentativa de esclarecer alguns mistérios, como por que o rapaz levava um walkie-talkie e se de fato é verdade que o suspeito contou com a ajuda de cúmplices.
Durante a audiência, a segunda desde a prisão de Breivik, ele será interrogado sobre as "muitas informações recebidas nos últimos dias", explicou nesta quinta-feira Paal-Fredrik Hjort Kraby, responsável pelas investigações.
Também nesta tarde, especialistas em terrorismo da União Europeia (UE) realizaram uma reunião de urgência em Bruxelas com os colegas noruegueses para analisar os meios de que dispõe a entidade para prevenir ataques similares.
Os analistas consideram que atentados como os ocorridos na Noruega são "difíceis, às vezes impossíveis de serem prevenidos", já que são cometidos por um solitário extremista, e irão obrigar a UE a vigiar todas as formas de radicalismo.
"Precisamos compreender o que leva uma pessoa a ter ideias extremistas e cometer atos violentos. Precisamos compreender o processo, qualquer que seja a sua ideologia", declarou Tim Jones, conselheiro do comitê de luta contra o terrorismo da UE.
Breivik confessou ser o autor do massacre e disse que atuou sozinho. No entanto, a polícia norueguesa ainda busca por eventuais cúmplices no país e possíveis ramificações no exterior.
"Sempre lembramos que não ainda não descartamos a suspeita de que outras pessoas possam estar envolvidas e investigamos essa questão", salientou à AFP Hennin Holtaas, porta-voz da polícia de Oslo.
"Mas a teoria sobre eventuais cúmplices enfraquece com o passar dos dias", acrescentou, observando que "ainda não foi encontrado nenhum indício de apoio" até o momento.
Na última sexta-feira Breivik, de 32 anos, cometeu um atentado com carro-bomba contra a sede do Governo em Oslo, causando a morte de oito pessoas. Pouco depois, ele disparou a esmo na ilha de Utoya, a cerca de 40 km da capital, onde estavam reunidos quase 600 jovens do Partido Trabalhista, atualmente no poder, e fez 68 vítimas.
A polícia norueguesa anunciou nesta manhã que encerrou as buscas por desaparecidos na ilha de Utoya.
De acordo com o procurador da Coroa, a mais alta instância de acusação, o julgamento de Breivik não começará antes de 2012 devido ao caráter "exigente" da investigação.
Para conseguir entrar na ilha de Utoya, Breivik se vestiu de policial. De acordo com testemunhas, ele levava um walkie-talkie que talvez fizesse parte do disfarce, mas que também poderia ser usado para se comunicar com eventuais cúmplices.
"Ele veio até nós, estava vestido como policial. Carregava todo equipamento, o walkie-talkie, as armas, tudo", contou à AFP Jo Granli Kallset, um sobrevivente de 15 anos.
Os investigadores, no entanto, até o momento não confirmaram que de fato ele carregava um walkie-talkie.
De acordo com Geir Lippestad, advogado de defesa de Breivik, o autor confesso dos atentados declarou estar em uma cruzada para "salvar a Noruega e a Europa Ocidental de, entre outras coisas, uma invasão muçulmana". Ele evocou uma organização que incluía "duas células na Noruega" e "várias outras no exterior".
Janne Kristiansen, chefe do Serviço de Inteligência norueguês, informou que até o momento não existem provas de que Breivik tivera o apoio de cúmplices ou eventuais vínculos com tais "células" europeias.
Ela salientou que, no entanto, os serviços trabalham em "estreita relação" com seus homólogos na Europa, Estados Unidos e outros países.
Preso provisoriamente desde a segunda-feira por um período renovável de oito semanas, Breivik será submetido a exames psiquiátricos. Antes do massacre ele divulgou na internet um manifesto de 1,5 mil páginas contra o Islamismo e o Marxismo.