Porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov: Obama advertiu que seu governo "tomará medidas" contra a Rússia (Sergei Karpukhin/Reuters)
EFE
Publicado em 16 de dezembro de 2016 às 13h02.
Moscou - O Kremlin tachou nesta sexta-feira de "indecentes" as acusações dos Estados Unidos à Rússia sobre supostos ciberataques com o objetivo de interferir no resultado das eleições presidenciais americanas.
"É preciso parar de falar disso ou apresentar de uma vez por todas alguma prova. Caso contrário, parece algo muito indecente", disse Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin.
Ontem, Peskov já havia dito que as acusações sobre o presidente russo, Vladimir Putin, estar diretamente envolvido nos ciberataques eram um "absurdo".
Na mesma linha, o assessor presidencial, Yuri Ushakov, afirou que Putin já deu uma "resposta clara" ao presidente americano, Barack Obama, durante a última cúpula do G20, na China.
Obama, por sua vez, advertiu que seu governo "tomará medidas" contra a Rússia pelos ataques cibernéticos e revelou que falou sobre isso abertamente com Putin.
Sobre os efeitos dos ataques no resultado das eleições, Obama disse que "sem dúvida contribuíram para uma atmosfera na qual o único foco durante semanas e meses foram os e-mails de Hillary Clinton, a Fundação Clinton e rumores políticos em torno do Comitê Nacional Democrata".
Além disso, a Casa Branca sugere que Putin sabia e estava envolvido na estratégia dos ataques para tentar interferir nas eleições, vencidas por Donald Trump.
Em sua conta no Twitter, Trump questionou as denúncias do governo americano.
"Se a Rússia, ou alguma outra entidade, estava hackeando, por que a Casa Branca esperou tanto tempo para agir? Por que só reclamaram depois que Hillary perdeu?", escreveu Trump.
Um recente relatório da CIA, divulgado na semana passada, já indicava que essa e outras agências de inteligência concluíram que a Rússia realizou ciberataques durante a campanha eleitoral não só para desestabilizar, mas também para ajudar Donald Trump
Putin, por sua vez, falou de "histeria" ao se referir às denúncias sobre a suposta interferência do Kremlin nas eleições presidenciais americanas.
"Por caso os Estados Unidos são uma república das bananas? Os Estados Unidos são uma grande potência. Como pode a Rússia influenciar a escolha do povo americano?", perguntou o presidente russo.
Putin acrescentou que é mais fácil falar da ameaça de "hackers, espiões e agentes de influência russos" para ocultar a magnitude dos problemas reais que a sociedade americana enfrenta.
Além disso, o líder russo acusou Hillary Clinton de estar tentando "desviar a atenção" sobre o conteúdo das mensagens, divulgado pelo Wikileaks.