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Acordo Mercosul-UE não sairá porque camponeses franceses 'não querem', diz Mujica

Os termos do acordo entre os 27 membros da UE e os países membros do Mercosul foram estabelecidos em 2019, mas ainda há países contrários a assinatura

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 29 de novembro de 2024 às 11h10.

Última atualização em 29 de novembro de 2024 às 12h34.

O ex-presidente uruguaio José Mujica previu o fracasso do acordo comercial que União Europeia (UE) e Mercosul tentam finalizar após 25 anos de negociações, e ao qual a França se opõe veementemente.

"Não sairá nem no dia do goleiro [ditado popular uruguaio semelhante ao "dia de São Nunca"]. Porque os camponeses franceses não o querem. E os camponeses franceses dominam a cultura francesa", declarou Mujica em uma entrevista à AFP.

O ex-presidente (2010-2015) reconheceu que, se fosse francês, estaria do lado dos agricultores. "Mas como não sou, isso não me convém", afirmou.

Os termos do acordo entre os 27 membros da UE e Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, por parte do Mercado Comum do Sul, foram estabelecidos em 2019, mas vários países, incluindo França, Itália e Polônia, rejeitam o acordo, sob pressão de seus setores agrícolas.

O pacto permitiria que os quatro países do bloco sul-americano aumentassem suas cotas de carnes bovina, suína e aves, bem como de mel, açúcar e outros produtos na UE.

Os sindicatos agrícolas da União Europeia denunciam uma concorrência desleal, visto que a produção destes alimentos no Mercosul não está submetida à mesmas exigências ambientais e sociais nem mesmo às normas sanitárias em caso de controles defeituosos.

"Eles usam isso como pretexto (...) estão defendendo seus interesses. Eles não podem competir com o Mercosul", afirmou.

As discussões sobre o progresso das negociações estarão em pauta na próxima semana, durante a 65ª cúpula do Mercosul, nos dias 5 e 6 de dezembro, em Montevidéu.

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