Angela Merkel: ao mesmo tempo, a chanceler estendeu a mão a Moscou, ao afirmar que as medidas são dissuasivas e "profundamente defensivas" (Hannibal Hanschke / Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de julho de 2016 às 09h59.
O reforço da Otan no leste da Europa, que deve ser ratificado esta semana na reunião de cúpula de Varsóvia, justifica-se pela atitude da Rússia na Ucrânia, que provocou perda de confiança, afirmou nesta quinta-feira a chanceler alemã, Angela Merkel.
"Os atos da Rússia na crise ucraniana perturbaram profundamente nossos aliados do leste. Quando o império do direito e a inviolabilidade das fronteiras se veem rebatidos por palavras e atos, a confiança diminui", declarou Merkel no Parlamento.
A reunião de Varsóvia, na sexta-feira e sábado, acontece em um momento no qual "a situação da segurança dentro e ao redor da Europa se transformou de maneira significativa", completou.
Para acalmar os aliados que conquistaram a independência de Moscou no início dos anos 1990, a Otan decidiu ampliar a "Força de Resposta" (NRF, Nato Response Force) ao triplicar seus efetivos, até 40.000 soldados, e criar uma "ponta de lança" ('Spearhead') de 5.000 homens, com capacidade de deslocamento em poucos dias em qualquer foco de crise.
A Polônia e os três Estados bálticos conseguiram ainda mais e a reunião deve ratificar o envio a estes países de quatro batalhões multinacionais (entre 600 e 1.000 militares cada), com base em um rodízio.
As medidas foram decididas depois que a Rússia anexou, em março de 2014, a península da Crimeia e se envolveu no mesmo ano com a rebelião separatista do leste da Ucrânia.
Ao mesmo tempo, a chanceler estendeu a mão a Moscou, ao afirmar que as medidas são dissuasivas e "profundamente defensivas". Merkel disse que Otan deseja retomar o diálogo com a Rússia.
"Uma segurança duradoura na Europa só pode ser conquistada com a Rússia", destacou.