Mundo

Falta de ajuda na região leva refugiados sírios à Europa

O programa de assistência aos refugiados nos países limítrofes, que chega a 4 milhões de pessoas, só conta com 37% dos US$ 4,5 bilhões solicitados


	Imigrantes sírios após cruzar fronteira da Hungria: o Programa Mundial de Alimentos cortou sua assistência alimentícia a 229 mil refugiados sírios na Jordânia, o que teve um efeito dramático nessas povoações
 (REUTERS/Laszlo Balogh)

Imigrantes sírios após cruzar fronteira da Hungria: o Programa Mundial de Alimentos cortou sua assistência alimentícia a 229 mil refugiados sírios na Jordânia, o que teve um efeito dramático nessas povoações (REUTERS/Laszlo Balogh)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de setembro de 2015 às 08h50.

Genebra - A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) denunciou nesta terça-feira que os cortes sofridos pelos programas de assistência aos refugiados sírios nos países vizinhos obrigou muitos deles a iniciar uma perigosa viagem para a Europa para poder sobreviver.

"Estou convencida, porque assim me contaram, que muitos refugiados decidiram deixar para trás condições de miséria e de falta de perspectiva e arriscar a vida de suas famílias na busca de uma possibilidade de sobrevivência na Europa", disse Melissa Fleming, porta-voz do Acnur.

O programa de assistência aos refugiados nos países limítrofes, que chega a 4 milhões de pessoas, só conta com 37% dos US$ 4,5 bilhões solicitados, por isso que logicamente a situação dos assistidos se degrada de dia a dia.

De fato, o Programa Mundial de Alimentos (PAM) cortou sua assistência alimentícia a 229 mil refugiados sírios na Jordânia, o que teve um efeito dramático nessas povoações.

Por exemplo, dos 629.266 refugiados que vivem na Jordânia, 520 mil não estão amparados em campos do Acnur e 86% deles vivem sob a linha da pobreza, após esgotar os recursos com os quais contavam e com poucas possibilidades de encontrar um meio de subsistência.

"Como resultado, muitos deles estão tomando medidas extremas como reduzir ainda mais o que comem ou mandar toda a família, incluído as crianças, a mendigar", explicou Fleming.

Outro exemplo é o do Líbano, que com uma população de 4 milhões, acolhe 1,1 milhão de refugiados.

Cerca de 70% dos sírios que residem no Líbano vivem abaixo do umbral da pobreza, quando há um ano esse número se situava em 50%, o que obriga muitas crianças a abandonar a escola e a mendigar.

De fato, segundo os dados do Acnur, na região há 700 mil crianças sírias sem escolarização.

Enquanto isso, na Síria a situação no terreno se degrada dia a dia, com a intensificação dos combates em todas as províncias e a metade da população sobrevivendo em extrema pobreza.

"Perante esta situação de desespero, muitos sírios tomaram a extrema decisão de arriscar tudo e iniciar sua viagem rumo à Europa", explicou a porta-voz.

"Chegaram à Europa 350 mil pessoas quando a população do continente é de 500 milhões, por isso que se houvesse vontade política a situação poderia ser gerida perfeitamente. Lembremos que há 4 milhões de refugiados nos países vizinhos".

Além das cotas mencionadas anteriormente no Líbano e Jordânia, a Turquia acolhe 1,9 milhão, o Iraque 250 mil e o Egito 132 mil.

Só 12% dos refugiados da região vivem em acampamentos formais.

Por outro lado, Fleming indicou que mais de 30 mil refugiados, a grande maioria sírios que chegaram a Lesbos, estão presos nas ilhas gregas à espera de poder chegar ao continente.

"Há pelo menos 30 mil refugiados nas ilhas gregas, a grande maioria deles na ilha de Lesbos, entre 4,5 mil e 5 mil em Kos, e o resto em outras ilhas menores, e todos estão tentando chegar ao continente".

Fleming também denunciou que ontem foi registrado um número recorde de 7 mil refugiados que chegaram à Macedônia.

Acompanhe tudo sobre:ImigraçãoRefugiadosSíria

Mais de Mundo

Argentina registra décimo mês consecutivo de superávit primário em outubro

Biden e Xi participam da cúpula da Apec em meio à expectativa pela nova era Trump

Scholz fala com Putin após 2 anos e pede que negocie para acabar com a guerra

Zelensky diz que a guerra na Ucrânia 'terminará mais cedo' com Trump na Presidência dos EUA