Protesto: "Estamos enfrentando um período pior do que o golpe", disse Tahsin Yesildere, líder de um grupo de docentes da universidade (Osman Orsal/Reuters)
Reuters
Publicado em 3 de novembro de 2016 às 15h54.
Istambul - Centenas de acadêmicos, estudantes e membros de sindicatos da Turquia realizaram um protesto nesta quinta-feira contra um expurgo de milhares de empregados do setor educacional desde a tentativa de golpe de Estado ocorrida em julho.
Ancara acusa o clérigo Fethullah Gulen, que mora nos Estados Unidos, de orquestrar o golpe de 15 de julho, e demitiu ou suspendeu mais de 110 mil servidores públicos, acadêmicos, juízes, policiais e outros por seus supostos laços com o religioso.
A multidão entoava "venceremos resistindo" diante da Universidade de Istambul enquanto dezenas de policiais da tropa de choque usando máscaras de gás observavam. Professores que perderam o emprego choravam e abraçavam alunos.
Entre os suspensos ou removidos nos expurgos há quase 50 mil funcionários do setor educacional. O inquérito do golpe fracassado colocou na prisão cerca de 37 mil pessoas, que aguardam julgamento.
"Estamos enfrentando um período pior do que o golpe", disse Tahsin Yesildere, líder de um grupo de docentes da universidade.
"Em nosso país, que está sendo transformado em um regime de um homem só por meio do estado de emergência (declarado após o golpe), todos aqueles na oposição resistindo a esta tendência se tornaram alvos", disse ele à Reuters, referindo-se ao presidente turco, Tayyip Erdogan.
A escala da repressão vem alarmando os aliados ocidentais e investidores estrangeiros da Turquia.
Grupos de direitos humanos e partidos da oposição dizem que Erdogan, cujas raízes políticas estão em um partido islâmico proscrito, está usando o levante como pretexto para silenciar todos os dissidentes da nação candidata a ingressar na União Europeia.