Georg Gänswein: secretário defende papel do papa Bento XVI em meio a escândalos sexuais (Max Rossi/Reuters)
EFE
Publicado em 11 de setembro de 2018 às 12h05.
Última atualização em 11 de setembro de 2018 às 12h07.
Roma - Os abusos sexuais cometidos por sacerdotes contra menores durante anos são "o 11 de setembro" da Igreja Católica, afirmou nesta terça-feira o arcebispo Georg Gänswein, secretário do papa emérito Bento XVI.
"Hoje é 11 de setembro, data de um desastre apocalíptico e também da Igreja, que no redemoinho das notícias das últimas semanas (...) observa cheia de desencontros seu próprio 11 de setembro, nossa catástrofe", disse o arcebispo, em referência aos abusos sexuais.
"No entanto (nossa catástrofe) não está associada a uma só data, mas a muitos dias e muitos anos e inúmeras vítimas", acrescentou o que "ex-homem forte" do Vaticano durante o pontificado do papa Bento XVI.
Gänswein utilizava a similitude entre os atentados de 11/9 nos Estados Unidos e o "terremoto" criado na Igreja Católica pelas revelações sobre décadas de abusos sexuais ao apresentar hoje o livro "The Benedict option" do jornalista americano Rod Dreher, no Parlamento italiano.
"Ninguém atacou a Igreja de Cristo com aviões cheios de passageiros. A Basílica de São Pedro segue de pé", afirmou, mas - continuou com o paralelismo - "as notícias provenientes dos EUA ultimamente nos informaram sobre quantas pessoas ficaram com feridas irremediáveis e mortais deixadas por sacerdotes da Igreja Católica".
O secretário se referia às terríveis conclusões do relatório da Suprema Corte do estado da Pensilvânia (EUA) que documenta 300 casos de "sacerdotes predadores" sexuais em seis dioceses e identifica cerca de mil menores que foram vítimas.
Gänswein defendeu o papel do papa Bento XVI e disse que denunciou muitas vezes no curso de seu pontificado a pedofilia, qualificando os abusos do clero como um ataque à Igreja desde seu interior.
Entre outros, lembrou uma viagem realizada aos EUA em 2008, quando o papa "tratou de sacudir" os bispos reunidos falando da profunda "vergonha" que lhe causavam as notícias sobre abusos a menores.
"Mas foi em vão, os lamentos do papa não conseguiram conter o mal", acrescentou.