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Abengoa e State Grid levam principais lotes em leilão

Maior deságio do certame chegou perto de 40 por cento, surpreendendo analistas


	Energia: lote H, situado no Acre, não recebeu nenhuma oferta no leilão
 (GettyImages)

Energia: lote H, situado no Acre, não recebeu nenhuma oferta no leilão (GettyImages)

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Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2013 às 19h39.

São Paulo - A Abengoa e o consórcio liderado pela chinesa State Grid levaram os principais lotes no leilão de transmissão de energia destinados ao escoamento da energia da hidrelétrica Belo Monte, em um certame nesta quarta-feira com deságios que chegaram a perto de 40 por cento.

"Alguns agentes voltaram de forma bastante forte, como a Abengoa, que estava um pouco ausente dos leilões e foi o grande vencedor desse leilão, pegando três lotes", disse o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, em coletiva de imprensa após o leilão.

"E, ao mesmo tempo, tivemos uma distribuição bastante grande (entre empresas vencedoras)", complementou.

A agressividade dos lances apresentados por algumas elétricas --o maior deságio foi de quase 40 por cento-- também ficou acima das expectativas dos analistas, que imaginavam deságios menores no momento em que as empresas ainda digerem os efeitos da renovação antecipada das concessões do setor elétrico que venceriam entre 2015 e 2017.

CPFL Energia e Copel também levaram lotes na licitação.


A Abengoa ficou com três lotes, oferecendo deságios de 16,6 a 30,7 por cento. A empresa venceu a disputa pelo lote A, o maior do leilão, que irá escoar energia da usina Belo Monte, para o qual se dispôs a ter receita anual de 145,7 milhões de reais, ou 28,6 por cento abaixo do teto estabelecido.

A companhia também fez a proposta vencedora para os lotes E e F, sendo que este último, da linha de transmissão Estreito-Itabirito 2, em Minas Gerais, foi o mais disputado do leilão, tendo recebido 308 lances na etapa viva-voz.

O lote G --outro que ajudará no escoamento da energia de Belo Monte-- ficou com o consórcio formado por State Grid (51 por cento), Copel (24,5 por cento) e Furnas (24,5 por cento), que ofereceram um deságio de 5,56 por cento e terão receita anual de 100,2 milhões de reais quando o sistema entrar em operação.

Após ficar sem participar de vários leilões, a CPFL Energia voltou para competir por uma subestação para atendimento da região de Piracicaba (SP) e saiu vencedora do lote C. O deságio foi de 39,4 por cento --o maior em termos percentuais no certame. A empresa garantiu uma receita anual de 8,87 milhões.

A Copel venceu sozinha o lote B, localizado em São Paulo, ao oferecer um deságio de 5 por cento. A linha de transmissão e a subestação que compõem o lote irão assegurar o escoamento da geração das usinas a biomassa da região de Assis e de Presidente Prudente, no interior paulista, e reforçar as demais instalações de transmissão da área.


Furnas saiu vencedora do lote D em consórcio junto ao Fundo de Investimentos e Participações Caixa Milão (51 por cento), e vai construir uma linha de transmissão de 297 quilômetros passando por São Paulo e Minas Gerais.

O consórcio ofereceu um lance com deságio de 18,9 por cento, marcando a entrada da J&F, holding controladora do frigorífico JBS, no setor elétrico brasileiro.

A empresa tem 100 por cento das cotas do FIP que levou o lote D em parceria com Furnas, do grupo Eletrobras.

DIFICULDADES AMBIENTAIS

O lote H, no Acre, não foi licitado por não receber nenhuma oferta no leilão. Hubner disse que o lote "é um pouco mais complexo", ao se referir a dificuldades que podem ocorrer no licenciamento ambiental de empreendimentos na região Norte.

Ele mencionou que uma liminar expedida na terça-feira chegou a tirar o lote do leilão, por um período, e que a Aneel irá rever o valor de receita máxima estabelecida para depois incluí-lo em leilão no ano que vem.


No leilão desta quarta-feira, empresas com atrasos em obras de transmissão tiveram a sua participação limitada a 49 por cento nos consórcios. As companhias argumentam que a demora na obtenção de licenças ambientais das instalações é um dos principais problemas que levam aos atrasos.

"Realmente nós temos um gargalo em todos os empreendimentos relacionados à licença de instalação (LI)... em alguns casos, temos SPEs (sociedades de propósito específico) em que a obtenção da LI demorou 20 meses", disse a diretora de Planejamento, Gestão de Negócios e de Participações de Furnas, Olga Simbalista, uma das empresas afetadas pela nova regra.

Hubner disse que os prazos para construção das linhas atualmente, de 22 a 36 meses no caso do leilão desta quarta-feira, já são maiores em relação a cronogramas estabelecidos no passado.

"O licenciamento, de fato, tem sido um gargalo para a realização das obras. A parte da realização das obras em si não tem sido um problema para as empresas, de maneira geral, no país", disse.

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