Donald Trump: ex-presidente dos EUA fará anúncio de candidatura em breve (James Devaney / Colaborador/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de novembro de 2022 às 09h08.
Última atualização em 5 de novembro de 2022 às 10h34.
Com pesquisas apontando o favoritismo dos republicanos para retomar o controle da Câmara dos Deputados e do Senado dos EUA, nas eleições legislativas de meio de mandato, na terça-feira, 8, o ex-presidente Donald Trump se prepara para surfar na onda favorável aos conservadores e lançar sua candidatura à Casa Branca em 2024 logo após a votação.
Na semana que vem, os EUA renovarão todos os 435 deputados - com mandato de dois anos - e 35 dos 100 senadores. Os eleitores americanos também escolherão 39 governadores e centenas de cargos locais.
Os democratas, que controlam a Casa Branca, a Câmara dos Deputados e o Senado, correm contra o tempo para reverter uma derrota que parece cada vez mais inevitável.
Segundo pessoas familiarizadas com os planos de Trump, a ideia é aproveitar a maré favorável e antecipar a campanha presidencial de 2024. Assessores garantiram que nenhuma decisão final foi tomada e o ex-presidente pode mudar de ideia, mas sugeriram que sua candidatura pode ser anunciada até o dia 14, segundo o site Axios.
Na noite de quinta-feira, 3, Trump abriu uma série de quatro comícios antes das eleições de meio de mandato em Iowa, onde se juntou a Chuck Grassley, republicano que busca um oitavo mandato como senador.
"Para tornar nosso país bem-sucedido, seguro e glorioso, muito provavelmente farei isso de novo", disse ele, sobre outra candidatura presidencial. "Preparem-se. É tudo o que estou lhes dizendo. Muito em breve."
À medida que os republicanos se concentram em criticar a inflação e a criminalidade, cresce a sensação entre os democratas de que há pouco que eles possam fazer para mudar o quadro na reta final. Pesquisas apontam que eles estão atrás em lugares onde o presidente Joe Biden venceu em 2020, um sinal de que seus candidatos estão jogando na defensiva.
Sabendo da impopularidade do presidente - segundo sondagens, 53% dos americanos reprovam o governo -, os democratas escalaram Barack Obama, Kamala Harris e Hillary Clinton em um tour para apoiar seus candidatos locais, já que poucos querem ser vistos ao lado de Biden.
"Há um mal-estar geral que paira sobre o país" disse Joel Payne, estrategista democrata. "Um eleitorado furioso continua punindo aqueles que veem como responsáveis. Eles fizeram isso em 2016, 2018 e 2020. E provavelmente farão isso em 2022."
Se Trump acirrou a diferença ideológica nos EUA, sua saída não melhorou a situação. Os EUA são hoje um país mais polarizado do que eram antes, uma divisão alimentada pela guerra cultural e pela hostilidade partidária entre republicanos e democratas.
Pesquisas e analistas apontam que a polarização partidária tem sido um fator cada vez mais corriqueiro na vida política dos EUA há algumas décadas, mas nunca republicanos e democratas estiveram tão radicalizados. Militantes dos dois lados passaram a ver os rivais de forma negativa.
Uma pesquisa do Pew Research Center, divulgada em agosto, mostrou que a hostilidade entre republicanos e democratas vem crescendo desde 2016. Filiados de cada legenda descrevem os da outra cada vez mais como pessoas de mente fechada, desonestas, imorais e menos inteligentes em comparação a todos os outros americanos.
Uma das mudanças mais marcantes desde 2016, segundo o Pew Research, é em como os partidários veem o oponente como imorais. Há seis anos, cerca de metade dos republicanos (47%) e pouco mais de um terço dos democratas (35%) disseram que os membros do outro partido eram muito ou um pouco mais imorais do que outros americanos. Hoje, 72% dos republicanos consideram os democratas mais imorais, e 63% dos democratas dizem o mesmo sobre os republicanos.
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