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A vida das minorias religiosas na teocracia islâmica do Irã

Estas comunidades são as três minorias reconhecidas pela Constituição iraniana graças à sua origem pré-islâmica

Bandeira do Irã (STR/Reuters)

Bandeira do Irã (STR/Reuters)

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EFE

Publicado em 10 de setembro de 2017 às 14h25.

Última atualização em 10 de setembro de 2017 às 14h26.

Teerã - Ser uma minoria religiosa em uma teocracia xiita é factível, ainda que nem sempre seja fácil. Os cristãos, judeus e zoroastras praticam seus ritos com liberdade no Irã, mas devem se submeter às leis islâmicas, o que provoca certas limitações.

Estas comunidades são as três minorias reconhecidas pela Constituição iraniana graças à sua origem pré-islâmica e contam com representantes no parlamento, bem como com templos e escolas para conservar suas tradições.

A principal linha vermelha é o proselitismo e as conversões, perseguidas pelas autoridades iranianas, que também vetam os fiéis destas religiões em certos cargos governamentais e nas forças de segurança.

Apesar das restrições, membros destas três comunidades consultados pela Agência Efe negaram sofrer o nível de discriminação e abusos relatados por um recente relatório sobre liberdade religiosa do Departamento de Estado dos Estados Unidos.

Dito relatório denunciou detenções por acusações como "insultos ao islã", a negação de permissões para construir locais de culto, o confisco de material religioso e limitações no âmbito trabalhista e educativo.

Para Siamak Morehsedg, representante dos judeus no parlamento iraniano pelo terceiro mandato consecutivo, é normal que haja alguns problemas por tratar-se de "uma religião minoritária em um país regulado por outra religião" como o Irã, onde 99% da população é muçulmana.

No entanto, o deputado e médico ressaltou à Efe que há "muitos judeus em postos importantes" e que no Irã não há antissemitismo. Os judeus - segundo disse - não se sentem atingidos pelo famoso lema da República Islâmica de "Morte a Israel" porque diferenciam entre judaísmo e sionismo.

Em seu escritório do hospital beneficente judeu de Teerã, em que a maioria dos pacientes e médicos são muçulmanos, defendeu que não há restrições para ensinar hebreu e que dispõem de mais de 50 sinagogas e de açougues "kosher", que cumprem as normas judaicas de alimentação.

Atualmente vivem cerca de 25.000 judeus no Irã, a maior população no Oriente Médio após Israel, segundo os dados de Morehsedg, que acrescentou que muitos emigraram após a Revolução Islâmica de 1979, mas que este fenômeno freou com o tempo.

A emigração fez diferença entre as minorias religiosas de todo Oriente Médio. A população de cristãos armênios no Irã também diminuiu até 80.000.

A comunidade armênia, a mais numerosa dos cristãos, seguida pelos assírios, conta com três dioceses e dois deputados no parlamento.

Também tem suas igrejas, escolas de armênio e clubes sociais, em cujo interior se pode consumir álcool e as mulheres podem ficar sem véu, e participar em coros e grupos de dança, tudo isso proibido no Irã.

O Irã reconhece para os armênios, bem como para as outras minorias citadas, o direito a comportar-se nesses espaços segundo sua cultura e tradições, algo que, no entanto, não é suficiente para o jovem ex-militar Suida Omidi.

Na porta da catedral armênia de São Sarkis, no centro de Teerã, Omidi expressou à Efe sua rejeição à obrigação de que sua mãe tenha que cobrir-se com um véu na rua, como todas as mulheres, muçulmanas ou não.

De mãe cristã armênia e pai muçulmano, já divorciados, Omidi se considera cristão, mas a lei lhe designa como muçulmano, um credo que se vê "obrigado" a dizer que professa para poder trabalhar, depois que lhe expulsaram da Marinha por este motivo.

A tudo isso se soma o perigo que enfrentam os convertidos: "Tenho amigos muçulmanos que se converteram ao cristianismo e que agora estão na prisão", denunciou Omidi, vestido de preto e com um crucifixo no pescoço.

Esta situação recebeu uma ênfase especial no relatório dos EUA, que abrange os casos de detenções de convertidos e de missionários, já que a lei iraniana proíbe os cidadãos muçulmanos de renunciar à sua fé.

Isto afeta principalmente às missões dos evangélicos, na mira do governo iraniano, enquanto os armênios, judeus e zoroastras tentam evitar o proselitismo para viver em paz.

A esse respeito, uma fiel zoroastra, que preferiu não se identificar, declarou à Efe que eles podem praticar suas cerimônias com total liberdade, mas que os muçulmanos só podem ir aos seus templos uma vez.

"Se as pessoas vão e vêm muito é problemático, porque as autoridades pensam que fazemos propaganda", acrescentou, em um dos centros de culto de Teerã desta ancestral religião monoteísta, professada por cerca de 25.000 pessoas no Irã.

As minorias citadas têm seus direitos religiosos garantidos graças à sua presença no Irã antes da chegada do islã. Uma sorte que não compartilham, por exemplo, os fiéis do bahaísmo, vítimas de discriminação e até mesmo perseguição na maioria dos países do Oriente Médio.

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