Policiais venezuelanos durante manifestação (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 6 de outubro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 6 de outubro de 2018 às 06h00.
São Paulo – A América Latina ainda é a região em desenvolvimento mais democrática do planeta, apesar de ter observado uma queda em sua pontuação no ranking que monitora a situação de regimes políticos mundo afora. A constatação é do Índice da Democracia 2017, estudo conduzido anualmente pela Economist Intelligence Unit (EUI).
As principais mudanças observadas na região em 2017 na comparação com 2016 trouxeram à tona uma boa e uma má notícia. A boa é a que o Equador deixou de ser um “regime híbrido” e passou agora a ser visto como “democracia defeituosa”. A má é que o agravamento da crise na Venezuela levou o país de “regime híbrido” para “regime autoritário”, ao lado de Cuba. Apenas um país da região é visto como uma “democracia total”: o Uruguai.
Abaixo, veja o panorama na América Latina:
O estudo da Economist Intelligence Unit avalia a situação política de 165 países e dois territórios e é baseado em cinco categorias: processo eleitoral e pluralismo, liberdades civis, funcionamento do governo, participação política e cultura política.
A partir da pontuação obtida nessas categorias, o local é então classificado entre “democracia total”, “democracia defeituosa”, “regime híbrido” e “regime autoritário”. A pesquisa é global e é divulgada anualmente desde 2006.
A pesquisa considera como “democracia total” os países onde liberdades políticas e civis fazem parte da cultura política e na qual o governo funciona de forma satisfatória. Já a “democracia defeituosa” se refere ao país no qual nota-se eleições livres e justas, mas que enfrenta, por exemplo, problemas de governança e baixo índice de participação política.
Já o “regime híbrido” é entendido pela pesquisa como aquele no qual as eleições apresentam irregularidades significativas e onde a oposição é frequentemente pressionada pelo governo, enquanto o “regime autoritário” é considerado o país onde não o pluralismo político não existe e nota-se violações contra liberdades civis.
Os números da democracia na América Latina podem não ser dramáticos como em outras regiões, mas não deixam dúvidas de que esse regime político esteja em crise. Outra pesquisa de fôlego, essa conduzida nos países latino-americanos pela ONG Latinobarometro e divulgada no início do ano, mostrou que o apoio à democracia caiu na região pelo quarto ano consecutivo, despencando de 34% em 2016 para 30% em 2017.
Já em relação à satisfação da população com a democracia em seu país, o primeiro lugar entre os mais satisfeitos ficou com o Uruguai, no qual 57% das pessoas se descreveram dessa maneira. Em seguida, aparece a Nicarágua, com 52%, e Equador, com 51%. Entre os brasileiros, apenas 13% dos entrevistados relataram tal agrado à época.
A proximidade das eleições no Brasil, no entanto, parece ter trazido um novo ânimo para os brasileiros em relação às benesses do regime democrático. Nesta semana, uma pesquisa conduzida pelo Datafolha revelou que o apoio da população à democracia nunca foi tão alto em quase vinte anos de levantamento, com 69% dos entrevistados a citou como a melhor forma de governo que existe.
Com a corrida presidencial chegando ao fim, fica aberta a pergunta do quanto os brasileiros continuarão a valorizá-la a partir do dia 1º de janeiro de 2019, quando o novo governo assume a liderança do país.