Mapa da Rota da Seda: conexão histórica entre Oriente e Ocidente (Thinkstock)
Agência
Publicado em 29 de outubro de 2024 às 15h46.
A seda, originada na China há mais de cinco mil anos, é um dos tecidos mais antigos e admirados do mundo, produzido a partir dos casulos do bicho-da-seda, o Bombyx Mori. Sua descoberta é envolta em lendas, sendo a mais conhecida a da imperatriz Hsi Ling-shih, que, ao tomar chá sob uma amoreira, viu um casulo cair na xícara quente. O calor amoleceu o casulo e revelou um fio resistente e brilhante. Encantada, a imperatriz teria desenvolvido técnicas para tecê-lo, criando o primeiro tecido de seda.
O segredo da produção de seda foi guardado pela China por séculos, transformando-a em um produto exclusivo, acessível apenas à realeza e aos nobres. Com o tempo, sua venda para outros países deu origem a uma das rotas comerciais mais influentes da história, a Rota da Seda.
Durante a dinastia Han, a Rota da Seda foi formalizada como uma série de caminhos conectando a China a regiões como a Índia, Pérsia, Oriente Médio e, eventualmente, Europa. Na Idade Média, a seda valia tanto que um quilo do tecido chegou a valer o equivalente a um quilo de ouro, fomentando uma rota comercial essencial para o intercâmbio entre culturas e para avanços tecnológicos que moldaram a história.
A Rota da Seda começou a perder importância com o surgimento das rotas marítimas durante a Era das Grandes Navegações no século XV. No entanto, no século XXI, a China recuperou o conceito com a Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, em inglês), também conhecida como “Nova Rota da Seda”. Lançada em 2013, essa iniciativa busca construir uma rede global de infraestrutura, comércio e desenvolvimento, fortalecendo a presença econômica chinesa em todo o mundo. Atualmente, com mais de 140 países participantes, a BRI inclui redes de transporte, energia, telecomunicações e parcerias financeiras.
O Brasil, como a maior economia da América Latina, é um parceiro estratégico para a China. Exportações brasileiras de soja, carne, petróleo e minério de ferro são fundamentais para a economia chinesa. Em 2023, o comércio entre os dois países ultrapassou a marca de US$ 100 bilhões.
Apesar dessas oportunidades, o Brasil adota cautela quanto à adesão formal à BRI, ao contrário de países latino-americanos como Chile e Peru. O país busca equilibrar sua política externa para proteger sua autonomia e evitar dependência excessiva do mercado chinês. Segundo o assessor Celso Amorim, o Brasil “não deve aderir formalmente ao programa chinês”, mas buscar sinergias entre os projetos chineses e brasileiros.