Protestos: mais de 90 pessoas já morreram em manifestações contra o governo e milhares têm fugido do país (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
EXAME Hoje
Publicado em 14 de julho de 2017 às 04h46.
Última atualização em 14 de julho de 2017 às 08h08.
A resistência ao autoritarismo segue na Venezuela. Neste domingo, a coalização de oposição Mesa de Unidade Democrática (MUD) vai realizar um plebiscito simbólico como forma de protestar contra a Assembleia Constituinte que o presidente Nicolás Maduro pretende convocar. O plano do governo é, no próximo dia 30 de julho, eleger 545 parlamentares que trabalharão na política por tempo indeterminado — e terão poderes que estão acima da lei, já que o objetivo é escrever uma nova Constituição.
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Enquanto o governo de Maduro segue manobrando para conseguir se manter no poder para além de 2019, quando se encerraria seu mandato, as ruas sangram. Mais de 90 pessoas já morreram em protestos contra o governo e milhares têm fugido do país, que sofre com escassez de comida, de serviços essenciais como água e luz e produtos básicos de higiene e limpeza. Só para o Brasil, vieram mais de 15.000 migrantes venezuelanos desde o início da crise, em meados do ano passado.
A nova Constituinte de Maduro, de acordo com pesquisa do instituto Datanálisis, é rejeitada por 70% da população, e a ideia da oposição é conseguir deixar claro, no plebiscito, que o povo não apoia mais o governo, e conseguir mostrar para os eleitores os problemas das propostas. A estratégia do governo de eleger a nova Constituinte foi apresentada no dia primeiro de maio, e, desde então, os protestos tomam conta do país. Os Estados Unidos já alertaram que, caso o plano seja levado em frente, serão aplicadas sanções ao país.
Mas os palanques estão montados — e a campanha já não vai nada bem. Nesta primeira semana de campanha, um candidato representante trabalhista foi morto enquanto se preparava para discursar. O governo afirma que a nova Carta Magna vai traduzir um “grande diálogo nacional e social, acabar com a corrupção e a burocracia, e isolar os violentos”. O líder da oposição, Leopoldo López, que estava preso desde 2014, foi transferido para prisão domiciliar no último sábado. Mas isso não significa que está livre: como ele, há 431 outros presos políticos na Venezuela, condenados por contestar.