Fogos de artifício durante Diwali, o festival das luzes hindu, em Mumbai (Índia): país respira o ar mais tóxico do mundo (Satish Bate/Hindustan Times/Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 3 de novembro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 3 de novembro de 2018 às 06h00.
A poluição atmosférica está tão elevada na Índia que o governo está desenvolvendo fogos de artifício menos poluentes.
Os cientistas do Conselho de Pesquisa Científica e Industrial da Índia (CSIR, na sigla em inglês), ligado ao governo, criaram protótipos pirotécnicos que emitem cerca de 30 por cento menos material particulado, disse o ministro do Meio Ambiente da Índia, Harsh Vardhan, em comunicado, na segunda-feira, em Nova Déli. Os custos estimados para os consumidores, quando o produto for comercializado, seriam até 30 por cento menores do que os das versões atuais.
“Estamos nos dedicando agressivamente a isso com as fabricantes”, disse Vardhan no comunicado.
Mas os fogos de artifício ecologicamente corretos não ficarão prontos a tempo para o Diwali, o festival das luzes hindu, de caráter anual, que será realizado na semana que vem. Durante a celebração, são disparados milhões de fogos de artifício, o que piora a densa camada de poluição invernal que envolve Nova Déli e inúmeras cidades nas poeirentas e densamente povoadas planícies do norte da Índia.
O país da Ásia Meridional respira o ar mais tóxico do mundo provocado por uma combinação de queima de restolho nas fazendas, fogos de artifício e condições climáticas. Mas a mais alta corte do país se recusou a proibir a venda de artigos pirotécnicos em todo o país, embora tenha aplicado algumas restrições à compra e ao uso desses materiais no início do mês.
A decisão reverte a proibição geral do ano passado à venda de fogos de artifício na capital, Nova Déli, e em cidades próximas, que os ativistas esperavam que fossem estendidas a todo o país.
Alguns dos protótipos de fogos de artifício eliminam nitrato de potássio e enxofre, o que reduz as emissões de dióxido de enxofre e de óxido de nitrogênio, segundo comunicado do instituto de pesquisa.
Algumas regiões de Nova Déli registraram níveis “perigosos” das tóxicas partículas PM 2.5 no ar na segunda-feira, medições que chegaram a 785 microgramas por metro cúbico em alguns lugares, segundo o índice de qualidade do ar da Embaixada dos EUA. A Índia abrigava 14 das 30 cidades mais poluídas do mundo tendo como base a medição de PM 2.5, segundo rankings da OMS de 2016.