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A história por trás da foto símbolo dos protestos nos EUA

Registrada por Jonathan Bachman, da Reuters, atitude de mulher que enfrentou policiais em Baton Rouge virou ícone das tensões raciais que tomam conta dos EUA


	Mulher em Baton Rouge: imagem que mostra Iesha Evans enfrentando policiais se tornou símbolo das tensões raciais nos EUA
 (Jonathan Buchman/Reuters)

Mulher em Baton Rouge: imagem que mostra Iesha Evans enfrentando policiais se tornou símbolo das tensões raciais nos EUA (Jonathan Buchman/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 11 de julho de 2016 às 13h01.

São Paulo – Fazia calor em Baton Rouge, Louisiana (Estados Unidos) no último sábado (09) quando centenas de pessoas marcharam pelas ruas da cidade para protestar as recentes mortes de negros em ações policiais em todo o país.

No meio da confusão, lá estava a mulher que protagonizou a imagem registrada pelo fotógrafo Jonathan Bachman e que se tornou um símbolo dessa onda de protestos e das tensões raciais  que tomam conta dos EUA.

Suas feições mostravam uma aparente calma enquanto membros da tropa de choque, muito bem paramentados e protegidos, chegavam para prendê-la por não ter obedecido aos chamados para que os manifestantes deixassem a rua para a calçada.

Segundo Bachman, em entrevista ao site de notícias BuzzFeed, ele estava registrando fotos dos manifestantes quando se virou para o cordão de policiais e viu a mulher. “Você pode fazer imagens de pessoas sendo presas, mas acho que essa fala mais sobre o movimento e o que os manifestantes estão tentando atingir em Baton Rouge”, disse ele.

A foto viralizou rapidamente depois de um post no Facebook feito pelo ativista e jornalista Shaun King. Nos comentários, a mulher foi identificada como sendo Ieshia Evans, uma enfermeira de 27 anos que nasceu em Nova York, mas hoje vive na Pensilvânia.

Uma fonte próxima de Ieshia foi entrevistada pelo jornal The Washington Post e afirmou que ela viajou para Baton Rouge especificamente para participar dos protestos. “Ela viajou para Baton Rouge para poder olhar seu filho nos olhos e dizer que lutou por sua liberdade e por seus direitos”, disse.

A atitude de Ieshia rendeu comparações a outros dois ícones dos movimentos pacifistas de direitos civis: a americana Rosa Parks, que em 1955 se recusou a ceder o lugar para brancos em um ônibus e ao chinês que foi fotografado em 1988 em frente aos tanques de guerra que seguiam para a Praça da Paz Celestial, em Pequim, onde milhares foram mortos.

Violência nos EUA

Os Estados Unidos foram tomados por protestos em diferentes cidades depois de notícias de mortes violentas de negros por policiais, lembrando as manifestações de 2014 que incendiaram o país depois eventos similares.

Um deles aconteceu em St. Paul, no estado do Minnesota, e a vítima foi Philando Castille. Ele teve a sua morte transmitida ao vivo nas redes sociais por sua namorada, que o acompanhava no momento em que ele foi abordado por policiais. Ao colocar a mão no bolso para retirar a sua carteira de motorista e apresentá-la, foi baleado.

Em Baton Rouge, o vendedor ambulante Alton Sterling foi morto com quatro tiros por dois policiais depois de ter sido imobilizado. Ele vendia CD’s piratas no estacionamento de uma loja de conveniências. Sua morte também foi filmada por testemunhas.

As mortes foram recebidas com revolta no país. Da Polônia, o presidente Barack Obama disse que todos os cidadãos do país deveriam estar preocupados com as frequentes mortes de negros pelas mãos da polícia.

A cantora Beyonce foi outra que se manifestou sobre os casos. Em um show na Escócia, ela pediu um minuto de silêncio em homenagem às vítimas e publicou um comunicado em seu site oficial no qual pedia que policiais “parem de nos matar”. “Não precisamos de compaixão, precisamos que todos respeitem nossas vidas”, continuou a nota.

Mortes no Texas

Um dos protestos, esse em Dallas, terminou em carnificina depois que um atirador identificado como Micah Johnson matou seis policiais e feriu outros sete. O caso ainda é investigado pela polícia americana, mas há fortes indícios de que o ataque foi motivado por tensões raciais. De acordo com autoridades, Johnson teria dito que seu objetivo era o de “matar policiais brancos”. 

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