Presidente dos EUA Barack Obama faz declaração sobre Cuba na Casa Branca (Doug Mills/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 21h54.
São Paulo - “Posso dizer, com absoluta segurança, que a Guerra Fria acabou hoje às 15 horas e um minuto, hora de Brasília”, avaliou o jornalista e escritor Fernando Morais, autor de livros publicados sobre Cuba.
Segundo ele, esse momento histórico nas relações internacionais pode ser encarado de forma positiva.
Ele vivenciou, em Cuba, o período de conflito ideológico entre os Estados Unidos (EUA) e a ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Os Estados Unidos anunciaram hoje (17) uma aproximação com Cuba, a fim de restabelecer as relações diplomáticas entre os dois países, que estavam interrompidas desde 1961.
Os presidentes Raúl Castro, de Cuba, e Barack Obama, dos EUA, fizeram o anúncio oficial às 15 horas. Ambos conversaram ontem (16) por telefone, segundo a Agência Lusa de notícias.
Já o embargo econômico imposto ao país caribenho vigora desde 1962 e ainda não foi derrubado. O Congresso estadunidense precisa revogar a lei que trata do assunto, apesar da ação de Obama.
O escritor explicou que o ex-presidente Bill Clinton, quando sancionou a chamada Lei Helms-Burton, em 1996, estabeleceu que nenhum presidente poderia colocar fim ao embargo econômico contra Cuba, mas somente o Congresso norte-americano.
Porém, ele destacou a importância do recente anúncio. “Hoje, nem que Obama quisesse, não poderia acabar com o bloqueio. Agora, os benefícios do reatamento de relações diplomáticas entre os dois países é um avanço monumental. São 53 anos de irracionalismo dos Estados Unidos, que causaram um enorme sofrimento ao povo cubano”, destacou ele.
Morais comentou que a expectativa da Organização Mundial de Turismo é que, no período de um ano, o número de turistas em Cuba aumente de 3 milhões para 9 milhões. “Isso significa uma receita adicional para os cofres cubanos de 15 bilhões de dólares, ou seja, 25% do PIB cubano”, completou.
Na relação entre Brasil e Cuba, um marco importante é a construção do Porto de Mariel, financiada pelo governo brasileiro.
O escritor acredita que saímos ganhando nessa questão, “porque hoje um dos maiores centros de armazenagem do planeta é o de Mariel, e ele está a 120 quilômetros de Miami”. Ou seja: é uma porta de entrada para os Estados Unidos.