O presidente Joe Biden e a vice, Kamala Harris, durante evento em setembro de 2023 (Saul Loeb/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 21 de julho de 2024 às 18h00.
Chicago, Illinois - A possibilidade de o presidente Joe Biden desistir da campanha era comentada há semanas e seus rivais do Partido Republicano já vinham se posicionando nos últimos dias para esse cenário. Biden anunciou sua saída neste domingo, 21.
A estratégia ficou clara na Convenção Republicana, em Milwaukee, como mostrou EXAME. O plano do partido é seguir batendo forte em dois temas: economia e segurança, e culpar o governo Biden pelo que a oposição considera problemas graves, como a inflação, a alta da criminalidade em algumas áreas e o aumento da imigração irregular.
O partido defende que os problemas foram gerados não só por Biden, mas pela administração democrata, que inclui Kamala Harris, atualmente a principal cotada para ser a indicada democrata. Assim, mesmo com outro candidato, a tática é manter os questionamentos pelos erros do atual presidente.
No começo do mandato, Kamala foi designada para lidar com a imigração irregular, mas não conseguiu avanços. Durante os últimos anos, a entrada de estrangeiros de modo ilegal pelas fronteiras bateu recorde.
Em dos seus momentos mais criticados, ela foi à Guatemala, em junho de 2021, e disse para os cidadãos locais não tentarem imigrar aos EUA, pois seriam deportados. O tom de discurso gerou polêmica, e depois disso Kamala passou a ter papel mais discreto na área.
Os ataques mais diretos a Kamala vinham ganhando força nos últimos dias. Além de vinculá-la à gestão Biden, haverá um trabalho para questionar suas ações antes de chegar à vice-presidência. Kamala foi procuradora-geral e senadora pela Califórnia na década passada.
"Kamala Harris é uma piada tanto quanto Biden. Harris será ainda pior para as pessoas de nossa nação do que Joe Biden. Harris deve defender sua falida gestão Biden e seu histórico liberal e fraca contra o crime na Califórnia", disseram, em nota, Chris LaCivita e Susie Wiles, diretores da campanha de Trump, neste domingo, horas após Biden desistir.
Na quarta-feira, 17, Nikki Haley, principal competidora de Trump na disputa, fez críticas a Kamala. "Por mais de um ano tenho dito que um voto em Joe Biden é um voto para a presidente Kamala Harris. Se tivermos mais quatro anos de Biden ou apenas um dia de Harris, nosso país piorará muito", disse Haley.
O próprio Trump também aumentou os ataques contra ela. Em comicio no sábado, 20, ele chamou as políticas de estímulo ao carro elétrico de "mandato de Harris" e prometeu acabar com as propostas caso eleito. Também abriu espaço para vaias à Kamala ao citá-la como parte da campanha de Biden.