Netanyahu: primeiro-ministro israelense chega a Moscou dias depois de debater a situação da Síria com Putin (Ronen Zvulun/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2019 às 06h10.
Última atualização em 4 de abril de 2019 às 06h28.
Há cinco dias das eleições de Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se reúne com o presidente russo Vladimir Putin nesta quinta-feira, 4. Este é seu terceiro encontro com outro chefe de Estado nas últimas duas semanas. Na segunda-feira, o líder israelense recebeu o presidente Jair Bolsonaro no país e, na semana passada, visitou Donald Trump em Washington. Ao que parece, a estratégia do político é mostrar boa diplomacia para superar seu adversário Benny Gantz na eleição da próxima terça-feira, 9.
O encontro entre Netanyahu e Putin não teve a pauta divulgada ainda, mas os dois líderes conversaram por telefone na última segunda-feira sobre a situação da Síria. Ambos os países estão envolvidos no conflito que já dura oito anos, mas Putin apoia o líder sírio Bashar al-Assad, enquanto Israel se posiciona ao lado dos Estados Unidos e contra o regime sírio.
O governo de Israel teme que o grupo jihadista iraniano Hezbollah, que luta ao lado de Assad, cometa ataques contra seu país. Em entrevista ao jornal Israel Hayom, o primeiro-ministro indicou que seu objetivo com a viagem seria assegurar uma espécie de cooperação com o exército russo na Síria e garantir que o grupo jihadista não consiga se estabelecer no país vizinho.
O maior benefício da viagem, contudo, seria ganhar o eleitorado israelense ao mostrar que é capaz de negociar com outras nações em favor do país. As eleições gerais de Israel, marcadas inicialmente para novembro deste ano, foram adiantadas pelo governo, que não conseguia aprovar leis no parlamento, onde tem maioria de apenas um assento. Para Putin, receber Netanyahu é uma forma de manter seu posicionamento informal de apoiar líderes nacionalistas e anti-europeus ao redor do mundo.
Ao visitar Trump, Netanyahu acompanhou a assinatura de um documento que reconhece a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, consideradas território sírio ocupado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Na visita de Bolsonaro, conseguiu a criação de um escritório comercial brasileiro em Jerusalém, apesar de esperar a transferência da embaixada brasileira. Falta definir o que o presidente russo vai oferecer para o premier usar como vantagem em sua propaganda eleitoral.