Produção de painéis solares no noroeste da China: o apoio do país à tecnologia fotovoltaica ajudou a reduzir os custos dos painéis solares em 80% desde 2008 (AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2014 às 10h29.
Nações Unidas - A China, a maior emissora de gases de efeito estufa do mundo, é também o país que está “fazendo o correto” no enfrentamento ao aquecimento global, disse a diretora da Organização das Nações Unidas para o clima.
O país tem alguns dos mais rigorosos padrões de eficiência energética para edifícios e meios de transporte, e seu apoio à tecnologia fotovoltaica ajudou a reduzir os custos dos painéis solares em 80 por cento desde 2008, disse Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, ontem, em entrevista, na sede da Bloomberg News, em Nova York.
O país está enfrentando uma crescente pressão pública dos cidadãos para reduzir a poluição do ar, devida em grande parte à queima de carvão. Seus esforços para promover a eficiência energética e a energia renovável se baseiam na constatação de que fazê-lo valerá a pena no longo prazo, disse Figueres.
“Eles realmente querem respirar um ar que não tenham que estar controlando”, disse ela. “Eles não estão fazendo isso porque querem salvar o planeta. Eles estão fazendo isso porque é de interesse nacional”.
A China também é capaz de implementar políticas porque seu sistema político evita alguns dos obstáculos no poder legislativo vistos em países como os EUA, disse Figueres.
Políticas-chave, reformas e nomeações são decididas em uma sessão plenária ou em uma reunião do Comitê Central do Partido Comunista, formado por mais de 200 membros. O Congresso Nacional do Povo, a legislatura unicameral da China, em grande parte chancela as decisões tomadas pelo partido e outros órgãos executivos.
A divisão política no Congresso dos EUA desacelerou os esforços para aprovar a legislação sobre o clima e é “muito prejudicial” à luta contra o aquecimento global, disse ela.
Negociações globais
Figueres, 57, é responsável por guiar mais de 190 estados-membros em uma iniciativa liderada pela ONU para projetar um tratado internacional de luta contra o aquecimento global. A meta é assinar, em 2015, um tratado que passará a valer em 2020, substituindo o Protocolo de Kyoto, adotado em 1997.
O Protocolo de Kyoto, o único tratado internacional sobre restrições às emissões, limita a poluição por gases de efeito estufa em países industrializados e permite que os países mais pobres firmem compromissos voluntários.
O Canadá retirou-se do tratado em 2011 e a Rússia e o Japão rejeitaram novas metas depois de 2012. Os EUA nunca o ratificaram. O tratado foi aplicado a menos de 15 por cento das emissões globais.
Figueres espera que uma versão preliminar do tratado de 2015 seja discutida em reuniões em Lima, no Peru, em dezembro. A elaboração de um acordo será facilitada por outros países, como a China, que perceberam que reduzir a mudança do clima redundará em benefícios a longo prazo que compensam os custos de curto prazo, disse ela.
Clima nos EUA
Nos EUA, o Congresso dividido está politizando a mudança climática e contendo os esforços para aprovar a lei, disse Figueres.
A administração do presidente Barack Obama deverá decidir, neste ano, a respeito dos novos limites para emissões em usinas de energia, um movimento que pode ajudar a cumprir a meta de reduzir os gases de efeito estufa em 17 por cento até 2020.
Não está claro se as regras para usinas de energia e outros esforços de Obama para enfrentar as mudanças climáticas se traduzirão em uma meta mais ambiciosa para o período pós-2020.
Todd Stern, enviado especial dos EUA para Mudanças Climáticas, disse a repórteres nas reuniões de Varsóvia em novembro do ano passado que as agências dos EUA já estão trabalhando para desenvolver a nova meta. Os EUA planejam concluí-la no primeiro trimestre de 2015, antes da conferência do clima de Lima, que será em dezembro de 2015.