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A angustiante busca pelos desaparecidos em Bruxelas

Há uma longa fila para dar à polícia todos os dados dos desaparecidos, desde o histórico médico e odontológico até as roupas que usavam


	Bruxelas: há uma longa fila para dar à polícia todos os dados dos desaparecidos, desde o histórico médico e odontológico até as roupas que usavam
 (Christopher Furlong / Getty Images)

Bruxelas: há uma longa fila para dar à polícia todos os dados dos desaparecidos, desde o histórico médico e odontológico até as roupas que usavam (Christopher Furlong / Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2016 às 12h57.

O lento e longo processo de identificação das vítimas dos atentados de Bruxelas deixa em vigília muitas famílias que, dois dias depois, continuam percorrendo hospitais e procurando desesperadamente informação sobre seus entes queridos.

"Quando ligo para os hospitais me dizem que não têm pacientes não identificados, mas a polícia me diz que há pacientes ainda não identificados em hospitais de todo o país", explicou ao jornal britânico The Times Charlotte Sutcliffe, a mulher do britânico David Dixon, um cientista da computação que há 10 anos vive em Bruxelas.

Sua família não tem notícias dele desde que ele enviou uma mensagem dizendo estava bem após a explosão de duas bombas no aeroporto. Suspeita-se que logo em seguida ele tenha entrado no metrô, onde a terceira bomba explodiu.

Sutcliffe disse que havia uma longa fila para dar à polícia todos os dados dos desaparecidos, desde o histórico médico e odontológico até as roupas que usavam.

Outro exemplo do que está acontecendo é o casal norte-americano Justin e Stephanie Shults, dos quais nada se sabe desde que deixaram a mãe dela no aeroporto de Bruxelas.

Suas famílias receberam um aviso do Departamento de Estado dos Estados Unidos assegurando-lhes que o casal sido encontrado, mas depois a alegria se transformou em decepção porque a informação estava "errada", escreveu numa rede social o irmão de Justin, Levi Sutton.

Também não há notícias sobre os irmãos americanos Sascha e Alexander Pinczowski, que estavam no aeroporto falando ao telefone com um membro da família quando a explosão foi ouvida. Desde então, silêncio.

"Procura-se desesperadamente"

O número de vítimas dos ataques do aeroporto e do metro de Bruxelas é de pelo menos 31 mortos - cifra que, sem dúvida, aumentará - e 300 feridos, 61 deles em cuidados intensivos.

Há pessoas de mais de 40 nacionalidades, prova do cosmopolitismo de Bruxelas e uma dificuldade a mais para os trabalhos de identificação - além de ser uma razão adicional de angústia para a sua família, que estão, por vezes, a milhares de quilômetros de distância.

Foi criada uma página no Facebook para que família e amigos possam deixar mensagens sobre os desaparecidos.

"Alguém viu esta menina? Seu nome é Aline Bastin, belga, 29 anos. Provavelmente estava no metrô", diz uma das mensagens. "Estamos procurando por ela desesperadamente -- se tiver notícias, por favor nos informe!".

Até agora, só conhecemos a identidade de três mortos. Trata-se da peruana Adelma Tapia, de 37 anos, que estava no aeroporto com suas duas filhas gêmeas e seu marido belga, esperando um avião para viajar para Nova York.

As meninas, de 3 anos, foram passear pelo aeroporto com o pai, e ela ficou perto do local onde explodiu uma das bombas - que tirou sua vida e feriu uma das crianças.

Além disso, há dois mortos belgas: Leopold Hecht, um estudante de direito da Universidade Saint-Louis de Bruxelas, e Olivier Delespesse, funcionário público da Federação Valônia-Bruxelas.

"Era um bom estudante, sempre na primeira fila", explicou à AFP Naji Masri, colega de universidade de Hecht.

Também se sabe de uma mulher marroquina morta e "muito provavelmente" de uma italiana, segundo o governo de seu país.

Entre os feridos há alemães, espanhóis, portugueses, franceses e britânicos, entre outras nacionalidades.

Como a do britânico Dixon, abundam as histórias de vítimas que podem ter entrado no metrô após avisarem suas famílias de que haviam sobrevivido aos atentados do aeroporto.

Christian Melot, chefe do serviço de emergência do hospital Erasmo de Bruxelas, explicou um dos casos que mais chamaram sua atenção, o do jovem homem com feridas graves que chegou ao hospital.

Esse dia sua mãe tinha lhe chamado para dizer que havia um atentado no aeroporto e que ele não pegasse o metrô. "E ele disse 'mas isso aconteceu em Zaventem, não tem nada a ver com o metrô'. Depois entrou no subterrâneo, e ficou ferido na explosão na estação de Maalbeek", contou Melot.

"Um acúmulo de circunstâncias realmente incrível, mas infelizmente real", lamentou.

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