Os conservadores também prometeram "energia produzida nos Estados Unidos", sem qualquer menção às mudanças climáticas (Giuseppe Amoruso / EyeEm/Getty Images)
AFP
Publicado em 23 de setembro de 2022 às 18h08.
Última atualização em 23 de setembro de 2022 às 18h32.
Um duro combate contra a inflação, o crime e a imigração, e a defesa da "liberdade": a 45 dias das eleições legislativas nos Estados Unidos, o Partido Republicano apresentou nesta sexta-feira, 23, o programa que pretende colocar em prática caso tome o controle do Congresso.
Reunidos em um depósito nos arredores do ex-bastião industrial de Pittsburgh, no nordeste do país, os conservadores revelaram seu "Compromisso com os Estados Unidos", uma série de medidas que permitem ao partido ganhar uma outra cara, além do habitual papel de oposição às políticas do presidente democrata Joe Biden.
"Passamos o último ano e meio, todos os republicanos deste grupo, viajando por todo o país para escutar seus problemas, para lutar contra o que os democratas fizeram", disse Kevin McCarthy, que espera tornar-se o próximo presidente da Câmara dos Representantes após as eleições de meio de mandato de 8 de novembro.
A escolha pelo local do comício não foi por acaso: uma vitória na Pensilvânia, um estado famoso tanto por seus grandes centros urbanos quanto por sua indústria decadente, provavelmente será chave para as eleições legislativas.
Os republicanos aproveitaram o comício para criticar como Biden e o Congresso majoritariamente democrata lidaram com a inflação, o principal ângulo de ataque dos conservadores nos últimos meses.
"Enquanto viajávamos pelo país ouvimos o mesmo problema", disse McCarthy, representante da Califórnia e líder republicano na Câmara Baixa. "Como posso pagar pela gasolina? Minha comida, meu leite?", afirmou.
Os conservadores também prometeram "energia produzida nos Estados Unidos", sem qualquer menção às mudanças climáticas.
A presidente democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, denunciou o programa como "uma prova a mais do compromisso inabalável dos republicanos da Câmara com o trumpismo".
O evento desta sexta-feira ganhou ares de um bate-papo com membros do público, todos altamente críticos dos quase dois anos de Biden na Casa Branca.
Diante dos apoiadores, os republicanos também falaram longamente sobre a imigração, questão polêmica nos Estados Unidos e que costuma ganhar força semanas antes das eleições. A oposição acusa os democratas de terem transformado a fronteira com o México em uma peneira para viajantes sem documento.
Sobre a imigração, o "Grand Old Party", ou GOP, nome oficial do Partido Republicano, cedeu a palavra a um xerife local, James Custer, que observou o número de overdoses por uso de fentanil em seu condado.
"Essas overdoses estão diretamente ligadas ao fato de nossa fronteira sul estar aberta", denunciou Custer, já que esses opioides geralmente vêm do México.
Os republicanos também prometeram um "futuro baseado na liberdade", concentrando-se principalmente nas escolas do país, que nos últimos anos foram palco de debates acalorados sobre fechamentos por causa da pandemia, uso de máscaras, vacinas contra a covid-19 e o ensino do racismo nas aulas de história do país.
O público presente ouviu o depoimento de uma mãe, extremamente frustrada por seus filhos não poderem participar "das festas de fim de ano" durante a pandemia.
"Os pais precisam ter voz sobre a educação de seus filhos", enfatizou McCarthy.
Os republicanos também planejam continuar sua ofensiva contra atletas transgêneros, sob a premissa de que "somente mulheres podem participar de competições esportivas femininas". Uma nova problemática social para mobilizar o eleitorado após anos de luta do GOP contra o aborto.
Desde a decisão da Suprema Corte em junho de suspender o direito constitucional ao aborto nos Estados Unidos, os republicanos têm se mostrado muito mais discretos nessa questão, cientes de que posições muito extremas podem custar caro nas urnas.
O programa dos republicanos para o Congresso atraiu comparações com o "Contrato com os Estados Unidos" do partido de 1994, que encerrou décadas de domínio democrata na Câmara dos Representantes.
O líder da minoria no Senado, Mitch McConnell, que não planeja revelar sua agenda antes do dia da eleição, elogiou a proposta.
"Menos inflação. Mais lei e ordem. Direitos dos pais. Segurança nas fronteiras. Energia americana", tuitou, resumindo os destaques do programa conservador.
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