Poluição: a OMS atribui mais de 7 milhões de mortes por ano à poluição, causada pela elevada concentração de partículas pequenas e finas que provocam diversas doenças (Edgard Garrido / Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de maio de 2016 às 09h37.
Genebra - Oito de cada dez pessoas que vivem em zonas urbanas respiram um ar com níveis de poluição que supera os limites recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com uma situação notoriamente mais grave nos países de renda média e baixa.
Neste último grupo de países, 98% das cidades com mais de 100 mil habitantes não cumpre com as normas internacionais em matéria de qualidade do ar, enquanto nos países ricos essa porcentagem cai para 56%.
Estes são alguns das mais relevantes da base de dados sobre poluição ambiental apresentada hoje pela OMS, que inclui informações de 3.000 cidades em 103 países, o que representa a maior compilação de dados feita até o momento.
"Na maioria dos países pobres a qualidade do ar está piorando e isto se tornou uma tendência, enquanto se observa o contrário nos países com uma renda maior", declarou o coordenador do Departamento de Saúde Pública e seus Determinantes Sociais e Ambientais da OMS, Carlos Dora.
Se for feita uma extrapolação dos dados pode-se sustentar que mais da metade da população urbana vive em cidades com um nível de poluição 2,5 vezes maior do que o recomendado e que somente 16% respira um ar que cumpre com as normas.
Na apresentação destes dados à imprensa, Carlos destacou que em todas as regiões, inclusive predominantemente pobres, algumas cidades estão conseguindo melhorar a qualidade de seu ar, mas lamentou que "a maioria de cidades estejam no caminho errado".
No entanto, a poluição ambiental não deve ser observada como uma fatalidade nos países pobres: "há certas cidades que pertencem a países com poucos recursos e que melhoraram a qualidade de seu ar e isso é muito promissor".
A OMS atribui mais de 7 milhões de mortes por ano à poluição do ar, causada pela elevada concentração de partículas pequenas e finas que provocam diversas doenças - câncer de pulmão e doenças respiratórias - e aumenta o risco de derrame cerebral e cardiopatia.
Segundo Carlos, se a poluição do ar fosse reduzida para uma quarta parte, conforme os limites estabelecidos pela OMS, se conseguiria reduzir em 15% a mortalidade.
As cidades que experimentaram progressos o fizeram graças a melhoras em seus sistemas de transporte coletivo e incentivando o uso de veículos não motorizados, particularmente bicicletas, aumentando os espaços verdes e melhorando a gestão dos resíduos.
A OMS mede dois tipos de partículas, das quais a mais fina é a que entra com mais facilidade nos pulmões e na corrente sanguínea, com consequências mais diretas para a saúde.
De sua medição por países e considerando um limite de 10 microgramas por metros cúbicos por ano para esse tipo de partículas, algumas das cidades com maiores níveis de poluição do ar na América Latina são Lima (51 microgramas), La Paz (44 microgramas), Guatemala (41 microgramas) e Tegucigalpa (36 microgramas).
Santiago do Chile aparece com 29 microgramas por metros cúbicos ao ano, Venezuela com 25, Bogotá com 24, Cidade do México com 20, Quito com 18 e Cali (Colômbia) com 17.