"Estes são abusos horríveis e atrocidades cometidos pelo Estado Islâmico, cuja escala claramente os eleva a crimes contra a humanidade", afirmou o conselheiro especial do HRW (AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2014 às 13h28.
Bagdá - Militantes do grupo Estado Islâmico realizaram assassinatos em massa de soldados iraquianos capturados quando seus integrantes invadiram uma base militar ao norte de Bagdá em junho.
Nesta quarta-feira, o Human Rights Watch (HRW) divulgou o número de mortos, tendo como base a análise de fotografias, vídeos e imagens de satélite da área.
O incidente em Camp Speicher, base aérea que já serviu como instalação militar norte-americana, foi uma das piores atrocidades perpetradas pelo grupo militante durante sua rápida ofensiva, quando tomou o controle de grandes partes do território norte e oeste do Iraque.
Segundo o HRW, novas evidências indicam que o Estado Islâmico matou entre 560 e 770 homens capturados em Camp Speicher, que fica perto da cidade de Tikrit, número várias vezes maior do que o que se acreditava inicialmente.
"Estes são abusos horríveis e atrocidades cometidos pelo Estado Islâmico, cuja escala claramente os eleva a crimes contra a humanidade", afirmou Fred Abrahams, conselheiro especial do HRW, a jornalistas na cidade de Irbil, norte iraquiano, nesta quarta-feira.
Em meados de junho, o Estado Islâmico afirmara que havia "executado" cerca de 1.700 soldados e militares de Camp Speicher.
Após o incidente, os soldados foram considerados desaparecidos, o que fez com que seus familiares realizassem protestos em Bagdá, numa tentativa de pressionar as autoridades a divulgar informações sobre os militares.
Na terça-feira, dezenas de irritados familiares invadiram o Parlamento, localizado na fortificada zona verde de Bagdá, após confronto com guardas de segurança.
Os manifestantes forçaram o presidente do Parlamento a convocar uma sessão para esta quarta-feira a respeito dos soldados desaparecidos.
O HRW disse que a revisão do número de mortos teve como base análises de novas imagens de satélite, vídeos dos militantes e relatos de um sobrevivente que confirmou a existência de outros três "locais de execução em massa". O número de vítimas pode ser maior, afirmou o grupo, sediado em Nova York.
Durante a sessão parlamentar desta quarta-feira, familiares dos soldados acusaram as autoridades de "vender nossos filhos" ao ordenar que muitos deles abandonassem seus postos e saíssem de Camp Speicher com roupas civis.
Do lado de fora da base, centenas foram capturados, afirmou Mohammed al-Assi, representante das famílias dos militares.
Mas o ministro interino da Defesa, Saadoun al-Dulaimi, negou que qualquer ordem para o abandono de Camp Speicher tenha sido emitida. "Ninguém emitiu uma ordem de retirada", afirmou ele.
Fonte: Associated Press.