Testes nucleares: filmagens, feitas durante a Guerra Fria, acabaram abandonadas em galpões espalhados pelos EUA (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2017 às 09h56.
Última atualização em 29 de março de 2017 às 10h48.
Vamos fazer um exercício: pense numa bomba nuclear.
O que veio à sua mente? Provavelmente foi uma daquelas filmagens aéreas do cogumelo de fumaça engolindo Hiroshima. Talvez o horizonte do deserto de Nevada, com uma bola gigante de fogo.
Ou ainda você fugiu de exemplos do mundo real – pode ter imaginado uma cena de Watchmen, ou até da Estrela da Morte explodindo a cidade de Jedah, em Rogue One.
É fácil presumir isso por um simples motivo: não há tantas filmagens assim de explosões nucleares. Seja por que as armas foram poucas vezes usadas (ainda bem), ou por conta de todo o sigilo em torno dos testes.
De qualquer forma, agora você poderá atualizar seu repertório. 64 vídeos de explosões nucleares, até então confidenciais, acabam de ser publicados no YouTube.
A briga para que esses conteúdos fossem revelados começou há cinco anos. Foi quando o físico especialista em armas Greg Spriggs, que trabalha no Laboratório Nacional Lawrence Livermore, nos Estados Unidos, iniciou um trabalho de três frentes: ele localizava esses vídeos, lutava para que a censura sobre eles terminasse, e os restaurava. Essa última parte era especialmente importante.
As filmagens, feitas durante a Guerra Fria, acabaram abandonadas em galpões espalhados pelos EUA – os filmes estavam se decompondo.
“O vinagre é um bioproduto que resulta da decomposição de filmes, e dava pra sentir o cheiro dele só de abrir as latas de filmagem”, afirmou Spriggs em comunicado à imprensa. “Esse conteúdo precisa ser digitalizado. Não importa o quão bem guardados eles estivessem, eles vão se decompor. Os filmes utilizados são feitos de material orgânico, e material orgânico se decompõe. É simples assim.
Entre 1945 e 1962, o governo dos Estados Unidos realizou 210 testes nucleares, com câmeras capturando cada um deles. Acredita-se que existam, pelo menos, 10 mil filmagens. Esses 64 vídeos, portanto, são só o começo.
Spriggs já conseguiu a autorização para tirar o sigilo de 750 filmagens nucleares, mas ainda está trabalhando no processo de digitalização e restauração delas. Outros 6.500 vídeos já foram encontrados pelo físico e sua equipe – destes, 4.200 estão sendo escaneados.
A ideia de Spriggs é usar a grandiosidade da arma para desestimular seu uso. “Eu espero que nós nunca precisemos usar uma arma nuclear de novo. Acho que se apresentarmos a história disso de forma que mostre a força dessas bombas, e quão devastadoras elas podem ser, talvez fiquemos relutantes de as usarmos mais uma vez”, ele explica.
Veja abaixo o canal com todos os vídeos publicados:
Este conteúdo foi originalmente publicado no site da Superinteressante.