5 lugares no mundo que "vão de bike” (e lucram com isso)
Conheça os exemplos de países e cidades onde cada centavo investido no ciclismo se traduz em mais saúde, menos congestionamentos, menos acidentes e maior economia
Londres (Divulgação)
Vanessa Barbosa
Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 17h14.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h17.
Os britânicos resolveram avaliar o impacto das bicicletas sobre sua economia em um estudo inédito feito ano passado pela London School of Economics (LSE). A constatação: a prática do ciclismo rende em média 2,9 bilhões de libras esterlinas ao país, cerca de 7,9 bilhões de reais. Em números gerais, os 23 mil empregados do setor rendem ao governo pelo menos 100 milhões de libras na forma de impostos. Enquanto a venda de bikes, acessórios e equipamentos específicos somam 1,62 bilhões de libras. O estudo também quantifica os efeitos positivos desse transporte sustentável para a saúde. Aqueles que andam de bicicleta com frequência ficam doentes apenas 7,4 dias por ano, contra os 8,7 dias em que caem enfermos os não adeptos da prática. Só com essa diferença, os ciclistas economizam ao sistema público de saúde britânico quase 128 milhões de libras ao ano.
Amsterdã é um exemplo de lugar onde as pessoas pedalam mais do que dirigem seus carros. As bicicletas são parte da identidade da capital holandesa, respondendo por metade das locomoções diárias da população. Suas ruas são todas adaptadas para o tráfego sobre duas rodas, com ciclovias, corredores compartilhados, postos de aluguel e de guarda e até sinais especiais – resultado de um trabalho de infraestrutura de longa data. Segundo levantamento do Dutch Cycling Embassy, um instituto que promove as bicicletas como transporte urbano sustentável, Amsterdã investiu 28 milhões de dólares por ano em projetos de ciclismo entre 2007 e 2010. O gosto pelas magrelas não é exclusivo da capital holandesa - em todo o país, os 16 milhões de habitantes possuem 18 milhões de bicicletas e gastam cerca de 1 bilhão de dólares com a prática.
O programa público de aluguel de bicicletas de Paris, o Vélib, implementado em 2007, inspirou cidades como Londres e Rio de Janeiro a adotarem as magrelas como estratégia de desenvolvimento urbano sustentável. O serviço na capital francesa completou cinco anos em julho, com números de impressionar. Contabilizando mais de 130 milhões de viagens de bike, o Vélib conta com 1,8 mil estações, 23 mil bicicletas de aluguel e cerca de 225 mil inscritos no programa. De tão bem sucedido, seu formato foi replicado em mais de 20 cidades francesas. Atualmente, o ciclismo movimenta por ano 4,2 bilhões de euros e reponde por quase 40 mil postos de trabalho em todo o país. Boa parte desse sucesso vem do apelo turístico/esportivo da prática – a mais tradicional e popular prova de ciclismo do mundo, a Volta da França, atrai 15 milhões de fãs todos os anos.
Segundo estudo do Centro de Pesquisa em Epidemiologia Ambiental (Creal), na Espanha, o sistema público de bicicletas da capital catalã, conhecido como Bicing, é capaz de evitar 12 mortes por ano e a emissão de mais de 9 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Atualmente, Barcelona conta com 201 km de ciclovias e tem 180 mil usuários registrados no programa de aluguel. Cada usuário paga 45 euros por ano para trajetos de 30 minutos. Só em 2011, o transporte público de bicicleta foi utilizado 14 milhões de vezes pela população da cidade. De acordo com o site Mobilize, a utilização de bicicletas como transporte público em Barcelona equivale a um valor de 351 mil euros no comércio de crédito de carbono, enquanto a prevenção de saúde na cidade em função do uso da bicicleta por seus habitantes é estimada em 621 mil euros. Ao todo, o transporte público de bicicleta gera uma economia de 1 milhão de euros à cidade.
Como nas demais cidade, em Montreal, no Canadá, bicicleta também é coisa séria. A cidade foi a primeira da América do Norte a adotar um sistema público de aluguel de bike - o BIXI (junção das palavras bicicleta e táxi), em 2009. Hoje, o programa conta com mais de 5 mil magrelas de aluguel distribuídas por 411 estações. Tendo em vista que a proposta é estimular o uso desse transporte sustentável nos deslocamentos diários da população, o serviço permite retiradas gratuitas para viagens de cerca de 30 minutos. Fora isso, a assinatura varia de 5 dólares (a diária ) a 95 dólares canadenses (ano). Anualmente, a cidade recebe o Festival de Montain Bike e atrai mais de 30 mil participantes, que injetam em média 3,5 milhões de dólares na economia local.
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