Donald Trump e Jair Bolsonaro na Casa Branca (Carlos Barria/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 19 de março de 2019 às 13h16.
Última atualização em 19 de março de 2019 às 17h00.
São Paulo – 49% dos empresários não esperam qualquer resultado prático do encontro entre o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no curto prazo, embora 86% deles acreditem que o governo brasileiro está fazendo esforços reais na direção de uma aproximação entre os países.
A constatação é de uma pesquisa produzida pela Amcham Brasil, a maior Câmara Americana de Comércio do planeta, em razão da visita de Bolsonaro aos Estados Unidos. O levantamento entrevistou 252 presidentes e diretores de empresas brasileiras e multinacionais atuando em diferentes setores da economia.
Do total de entrevistados, 37% disseram esperar por ações práticas após o encontro e 12% afirmaram que ainda é cedo para avaliar os seus efeitos.
As visões expressadas pelos entrevistados podem parecer pessimistas, é verdade. Contudo, para Deborah Vieitas, CEO da Amcham Brasil, as opiniões mostram como o mundo empresarial está sendo realista sobre os frutos que a reunião entre Trump e Bolsonaro trará. Os líderes se encontrarão nesta tarde na Casa Branca.
“A pesquisa mostra uma expectativa realista em torno de ações que lançam as bases para entendimentos duradouros. Precisamos de medidas a curto prazo que tragam novo fôlego de diálogo para essa relação e que aqueça as negociações para conquistas amplas e ambiciosas”, notou Deborah, que está em na capital americana, Washington, acompanhando os detalhes do encontro.
Os entrevistados da Amcham opinaram, ainda, sobre o tema que consideram como aquele que precisa ocupar o topo da lista de prioridades na conversa de Bolsonaro com Trump e a maioria (26%) citaram um possível Acordo de Livre Comércio como o principal, seguido daqueles que enxergam no fim da sobretaxa a produtos brasileiros no mercado americano como ponto crucial (22%).
Considerada a pauta mais importante pelos empresários, um acordo de livre comércio entre Brasil e Estados Unidos traz à tona uma série de desafios para a sua realização. Na visão de 39% dos entrevistados, o maior deles é o excesso de barreiras (burocráticas, tarifárias e não tarifárias). A polêmica “America First”, como ficou intitulada a plataforma de política externa do governo Trump, apareceu em seguida e foi citada por 25% dos participantes.
Para a CEO da Amcham, inclusive, existe possibilidade de uma discussão nesse sentido entre Trump e Bolsonaro é crível, mas há que se ter cautela na expectativa. “A intenção é completamente dependente desse entusiasmo comercial e bilateral renovado a curto prazo”, pontuou.
A pesquisa realizada pela Amcham Brasil também tocou nas percepções dos empresários acerca das semelhanças entre os presidentes. 38% dos entrevistados disseram que o estilo de governar parece o mesmo, especialmente em razão do uso das redes sociais na comunicação com a população e também pelo confronto frequente com a imprensa. 31%
31% apontaram que os maiores pontos de encontro entre Bolsonaro e Trump é na pauta econômica, principalmente no que consideraram uma “visão mais liberal” da economia. 23% dos entrevistados revelaram, ainda, que as maiores afinidades estão nas posturas conservadoras e a maneira como inserem discussões de cunho moral no debate político.