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47 mulheres sírias pedem ajuda: "Estamos morrendo de fome"

Em uma carta aberta, elas denunciaram as condições subumanas em que vivem em meio ao conflito sírio


	Refugiada na Síria: entre as 47 autoras do manifesto, há gente que não come há dois dias, ou ainda mais tempo
 (Murad Sezer/Reuters)

Refugiada na Síria: entre as 47 autoras do manifesto, há gente que não come há dois dias, ou ainda mais tempo (Murad Sezer/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2016 às 20h58.

"Não há comida em Daraya. Há casos de malnutrição, e nós estamos sobrevivendo cozinhando sopas apenas com temperos".

O relato acima é de mulheres que vivem em Daraya, na Síria. Em uma carta aberta, elas denunciaram as condições subumanas em que vivem em meio ao conflito sírio.

O cessar-fogo - assinado em fevereiro - não amenizou a situação da cidade, onde vivem 8.000 pessoas totalmente isoladas. Apesar de um clima mais calmo, não há comida por lá.

Entre as 47 autoras do manifesto, há gente que não come há dois dias, ou ainda mais tempo. Algumas comeram o prato mais "fácil" de encontrar ultimamente: sopa de grama. São as crianças e os idosos, no entanto, os primeiros a sucumbirem à fome - com as mulheres subnutridas, também não há leite materno.

De acordo com o Middle East Eye, a maioria dos bloqueios que isola Daraya é mantido pelo governo de Bashar Al Assad. O bloqueio também vale para os comboios da ONU, que não entregam comida na cidade desde 2012. Além disso, os bombardeios também contaminaram a água que chega ao local.

A organização Médicos sem Fronteiras (MSF) também denunciou, nesta quinta-feira (7), as condições em que muitos sírios estão vivendo.

"O horror continua em muitas áreas sitiadas", afirma Bart Janssens, diretor de operações do MSF. Nas últimas duas semanas nas áreas sitiadas, um médico foi morto por um sniper, dois dos hospitais que apoiamos foram bombardeados, além de regiões que seguem isoladas, sem receber ajuda médica".

De acordo com a denúncia do MSF, em algumas regiões da Síria, não há nenhum médico para prestar assistência aos feridos. Em 2015, 23 sírios que prestam suporte à organização foram mortos, e 58 feridos.

"Em algumas áreas sitiadas, é comum ver estudantes de enfermagem ou medicina, com pouco treinamento, que estão aprendendo na prática, em condições extremamente desafiadoras."

Além disso, mesmo pacientes em situação muito grave estão sendo impedidos de deixar a região. Em Madaya, na última semana, cinco pessoas morreram - três delas poderiam ser facilmente tratadas se os pacientes tivessem sido retirados rapidamente da área sitiada. Entre elas, estava um adolescente que morreu de fome. Uma criança também perdeu a vida ao confundir um explosivo com um brinquedo.

Em janeiro, entidades internacionais denunciaram as condições precárias em que os moradores da cidade estavam vivendo. Cercados por minas terrestres, 40 mil pessoas estavam isoladas e morrendo e fome. Diante da repercussão internacional, o governo liberou a entrada de comboios de ajuda.

Uma guerra civil assola o país há quase cinco anos, e mais de 250 mil pessoas morreram. Outras 11 milhões foram forçadas a deixar suas casas.

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