Soldados nigerianos: Boko Haram, na Nigéria: radicais se apropriam do gado e de mantimentos durante o ataque (Quentin Leboucher/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de novembro de 2014 às 05h43.
Lagos - Homens armados do grupo terrorista Boko Haram mataram pelo menos 45 pessoas em uma localidade próxima da cidade de Mafa, no estado de Borno, no norte da Nigéria, informaram nesta sexta-feira fontes municipais e testemunhas citadas pela imprensa local.
Os extremistas atacaram a remota cidade de Azaya Kura na última quarta-feira, um dia antes de o parlamento do país decidir não prolongar o estado de emergência imposto há 18 meses em Borno e em outros dois estados do nordeste do país, locais de atuação do Boko Haram.
A maior parte das casas de Azaya Kura, que fica a cerca de 40 quilômetros da capital de Borno, Maiduguri, foi destruída pelos radicais islâmicos, que se apropriam do gado e de mantimentos durante o ataque, segundo o jornal nigeriano "Daily Truste".
Muitos moradores de Mafa, a cidade mais próxima do vilarejo atacado, fugiram de suas casas há dois meses, depois que o Boko Haram estabeleceu sua autoridade na região.
Desde então, foram vários ataques contra municípios e aldeias dos arredores, mas poucos casos foram noticiados por se tratar de uma área de difícil acesso.
Um agricultor, Usmanu Jabiru, disse que os insurgentes atacaram a aldeia Azaya Kura ao meio-dia da quarta-feira, e mataram homens jovens.
"Até o momento, 45 homens foram assassinados e outros morreram nas florestas, depois que foram feridos por disparos", relatou Jabiru, que chegou ontem a Maiduguri.
O presidente interino do governo local de Mafa, Alhaji Shettima Lawan, descreveu o ataque como "perverso e desprezível" e lamentou o fato de os extremistas matarem "gente inocente, sem nenhum tipo de provocação".
Também ontem, a Câmara dos Representantes da Nigéria rejeitou o pedido do presidente do país, Goodluck Jonathan, de prorrogar o estado de emergência no nordeste do país, vigente desde maio de 2013, para a luta contra o Boko Haram.
Os deputados tomaram essa decisão, a portas fechadas, após graves incidentes entre vários parlamentares da oposição e a polícia, que tentou impedir a votação da proposta presidencial, segundo a imprensa local.
O presidente do parlamento nigeriano, David Mark, se viu obrigado a fechar a Câmara depois que a polícia impediu a entrada e utilizou gás lacrimogêneo contra vários deputados da oposição. Alguns legisladores tiveram que pular a cerca colocada na entrada para ter acesso ao recinto parlamentar.
No entanto, posteriormente, o porta-voz parlamentar Alhaji Zakari Mohammed confirmou aos jornalistas que a prorrogação do estado de emergência tinha sido rejeitada e era desnecessária porque Jonathan tem competência para enviar tropas e manter a paz no país, segundo o "Premium Times".
"Não ampliamos o estado de emergência. Preferimos pedir ao presidente que se apoie na seção 8 da Lei das Forças Armadas, que lhe autoriza a enviar tropas para os locais mais conflituosos do país", esclareceu.
O estado de emergência foi decretado nos estados de Borno, Yobe e Adamawa devido ao grande número de ataques da milícia radical.
O Boko Haram, cujo nome nas línguas locais significa "a educação não islâmica é pecado", mantém uma sanguinária campanha que já causou mais de 3 mil mortes neste ano, segundo dados do governo nigeriano. EFE