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4 perguntas sobre os bilionários por trás das eleições nos EUA

A cineasta Alexandra Pelosi percorreu os EUA e investigou os maiores doadores das campanhas de Donald Trump e Hillary Clinton. Veja o que ela descobriu

 (HBO/Divulgação)

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Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 12 de novembro de 2016 às 07h00.

Última atualização em 16 de novembro de 2016 às 14h38.

São Paulo – As eleições de 2016 foram as mais escandalosas da história recente dos Estados Unidos. Foram, ainda, as mais caras: estima-se que os gastos tenham atingido a marca de 6,8 bilhões de dólares contra 6,2 bilhões em 2012.

Só as campanhas de Hillary e Trump gastaram, juntas, 2,6 bilhões de dólares. Montante esse que veio, em grande parte, do bolso de doadores arquimilionários.

O país vive um momento turbulento com a eclosão de protestos anti-Trump em diferentes regiões. No entanto, para a cineasta americana Alexandra Pelosi, as ameaças sofridas pela democracia americana “são maiores que esse homem”. Uma delas? A influência do dinheiro na política.

Alexandra não é estranha ao assunto. Filha de Nancy Pelosi, líder democrata na Câmara dos Representantes, circula neste meio desde cedo e tem no seu currículo vários documentários que exploram os meandros da política de seu país.

Agora, lança uma produção na qual investiga a cabeça dos bilionários que assinam os cheques e as expectativas em torno de suas contribuições.

Para “Doações de Campanha: O Dinheiro Fala Mais Alto? ”, feita para o canal HBO, a cineasta percorreu os EUA atrás dos maiores doadores dessas eleições e entrevistou 30 deles, entre nomes como Stannley Hubbard, CEO do conglomerado de rádio e televisão Hubbard Broadcasting, e T. Boone Pickens, magnata do petróleo.

EXAME.com teve a oportunidade de conversar com Alexandra sobre o seu documentário e o perfil dos doadores. Veja abaixo detalhes da entrevista:

EXAME.com - O que os doadores de Donald Trump esperam receber em troca de suas doações?

Alexandra Pelosi – É uma pergunta interessante. Estava há pouco lendo no The Wall Street Journal sobre as propostas de redução de impostos prometidas por Trump. Veja, seus eleitores votaram a seu favor para aproveitar essa redução. No entanto, os maiores benefícios irão para o 1% (percentagem da população do país que controla a riqueza do país).

Esses doadores querem proteger esses interesses e são os verdadeiros vencedores dessa democracia. Agora a pergunta é a seguinte: é possível comprar uma eleição? A resposta é não. Hillary gastou mais de um bilhão de dólares e não venceu. Mas, se você escreve o cheque para o candidato certo, você tem acesso a tudo o que precisa para se garantir.

EXAME.com – Esses doadores de Trump compartilham de suas visões e propostas?

Alexandra Pelosi – Não exatamente. Em Nova York, por exemplo, os empresários republicanos não são da extrema-direita. Agem de acordo com os interesses de seus negócios e não por razões ideológicas. Não ligam para mudanças na Suprema Corte, aborto ou casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas querem ser cada vez maiores.

EXAME.com – Seu documentário revela que o dinheiro importa, e muito, para o resultado das eleições. Mas qual foi a sua maior surpresa durante o processo?

Alexandra Pelosi – Acho que é que o fato de que esses bilionários acreditam estar fazendo o trabalho de Deus, dizem que amam os Estados Unidos e consideram as doações como um dever patriótico. Eles não enxergam nada de errado em doar grandes valores, não enxergam como se estivessem comprando a democracia.

EXAME.com – Depois de conhecer esses bilionários, qual a sua percepção acerca das razões que os fazem doar milhões para um ou outro candidato? É mais paixão ou poder?

Alexandra Pelosi – Quando você é bilionário, doar milhões é nada. Mas você consegue colocar Hillary Clinton na sua sala, conversando com sua família e amigos. Eles querem esse reconhecimento, essa importância. Querem impressionar seus amigos. Acho que, no fim, é uma questão de ter uma reputação.

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No fim da entrevista, a cineasta deixou um recado interessante: “A corrida eleitoral para 2020 já começou e eu já fui convidada pra dezenas de eventos para arrecadar fundos”. É um sinal de que essa relação entre dinheiro x política está longe de acabar.

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