Presidentes do Egito (esq.) e do Sudão apertam as mãos: o presidente do Banco Mundial considerou que o TLC permitirá à África fazer enormes progressos (REUTERS)
Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2015 às 11h52.
Os dirigentes de 26 países do leste e do sul da África reunidos no Egito assinaram nesta quarta-feira um Tratado de Livre-Comércio, que abrange a metade oriental do continente e visa a facilitar a circulação de bens e mercadorias.
A Zona Tripartita de Livre Comércio (Tripartite Free Trade Area, TFTA), que deverá transformar-se em um mercado comum reunindo 26 dos 54 países africanos, foi acertada durante uma cúpula em Sharm el Sheikh, balneário egípcio às margens do Mar Vermelho, pelo presidente egípcio Abdel Fatah al-Sisi, o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe; o primeiro-ministro etíope, Hailemariam Desalegn, e o vice-presidente tanzaniano Mohamed Gharib Bilal.
O conjunto agrupará os países do Mercado Comum dos Estados da África Austral e do Leste (COMESA), da Comunidade de África do Leste (EAC) da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), o que equivale a mais de 625 milhões de habitantes e mais de um bilhão de dólares de PIB.
O pacto tem como objetivo a criação de um quadro comum para tarifas preferenciais que facilitam a circulação de mercadorias entre os países-membros.
"O que fizemos hoje representa um passo importante na história da integração regional da África", indicou Sisi na abertura da cúpula.
Por sua parte, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, considerou que o TLC permitirá à África fazer enormes progressos.
"A África disse claramente que está aberta aos negócios", acrescentou.
O acordo incluirá a África do Sul e o Egito, as economias mais desenvolvidas do continente, assim como países dinâmicos como a Etiópia, Angola, Moçambique e Quênia. Não fará parte, no entanto, a Nigéria, que tem o maior PIB da África, principalmente graças ao petróleol
Os ministros do Comércio e negociadores estava reunidos na cidade desde domingo trabalhando nos detalhes finais, que incluem o gerenciamento de disputas e a proteção de pequenas empresas.
O ministro da indústria e comércio do Egito, Mounir Fakhri Abdel Nour, comentou que o acordo é um "passo monumental" para o continente.
"Vai criar uma África unida", ele disse aos negociadores. "Além disso, vai promover a produção e agregar valor aos nossos recursos."
O acordo ainda precisa ser ratificado pelo parlamento nacional, e essas aprovações serão tomadas no prazo de dois anos.
Os negociadores explicaram que quando a zona tripartida for implementada com sucesso, acabará por fazer uma fusão dos três blocos econômicos, mas os acordos bilaterais entre os países vão continuar.
A zona foi bem recebida para os líderes econômicos mundiais, e os especialistas apontam que apenas 12% do comércio no continente ocorre entre países africanos.
O comércio entre os três blocos cresceu mais de três vezes na última década, alcançando 102,6 bilhões de dólares em 2014.
A Zona Tripartida de Livre Comércio fornece um mecanismo para identificação, comunicação, monitoração e eliminação de barreiras não-tarifárias, segundo os negociadores.
O acordo também visa aumentar a participação da África no comércio mundial, atualmente cerca de 2%, focando no desenvolvimento da indústria nos 26 países-membros.